O diretor geral e professor do Instituto Federal da Paraíba (IFPB), no campi de Itabaiana, teria sido afastado do cargo suspeito de pedofilia e assédio sexual cometido contra alunas em 2019, conforme apurado pelo ClickPB nesta terça-feira (5). O IFPB não confirma a data do afastamento e informa apenas que o caso está sendo investigado pelo instituto e que mais detalhes ainda não podem ser dados.
A denúncia foi feita ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MDH) e ao Ministério Público Federal (MPF).
O ClickPB não conseguiu confirmação acerca de sindicâncias sobre o caso com o MDH, porém o MPF afirmou que a denúncia foi recebida em janeiro de 2020 e enviada para a Polícia Federal que instaurou inquérito policial para apurar o caso. A investigação ocorre em sigilo.
A denunciante é a ex-mulher do diretor e professor envolvido, Antonio Isaac Luna Lacerda, e cita alguns envolvimentos amorosos dele com alunas menores de idade.
Essas relações vieram à tona em 2019, quando ele manteve um relacionamento com uma aluna de 15 anos, porém, outras alunas teriam relatado envolvimentos com o então diretor.
Segundo a denúncia, em fevereiro de 2019 a então mulher de Isaac recebeu mensagens de uma conta no Instagram relatando diversos relacionamentos entre o então diretor e alunas menores de idade. Ela afirma também ter recebido prints de conversas sugestivas entre o homem e suas alunas.
Quando questionado sobre, Issac teria saído de sua casa em Itabaiana e ido morar em um apartamento de seus pais, em João Pessoa.
“Após alguns dias da discussão fui ao apartamento que ele estava na cidade de João Pessoa, ao chegar lá me deparo na presença dele e de uma menina, o questionei sobre o fato e iniciamos mais uma vez uma discussão, agora com a menina presente. Naquele momento não sabia quem era a menina, só que era estudante do IFPB pois estava utilizando a farda da instituição”, disse ela na denúncia.
A estudante teria 15 anos e seria aluna de Issac na disciplina de sistemas digitais do IFPB em Itabaiana. Os encontros entre os dois teriam acontecido também dentro do laboratório de robótica na na própria sala do diretor.
Em março e abril ainda em 2019, os fatos começaram a ganhar maior proporção e o professor e a aluna teriam sido vistos em uma praça pública de Itabaiana por outra estudante do IFPB.
Após isso, ainda conforme a denúncia, a direção geral, a direção de ensino, a direção administrativa e coordenação pedagógica começaram a apurar os fatos citados como a mãe da vítima de 15 anos como boatos inventados por seus colegas de classe. Nessas reuniões o diretor geral, Antônio Isaac estava presente.
O Ofício no 21/2019 – DG/IB/REITORIA/IFPB, de 16 de Abril de 2019 teria sido aberto como prova de o envolvimento entre diretor e aluno já havia sido pauta institucional, porém, ao questionar os envolvidos, inclusive a família da menor, tudo foi negado. O ofício foi dirigido à Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE) para que apurasse o fato.
No dia 24 de maio de 2019, o reitor em reunião na instituição relatou que tomaria as providências cabíveis, porém nenhum processo administrativo tinha sido aberto até então.
O caso veio à tona sendo confirmado pela vítima, segundo a denúncia, apenas em dezembro de 2019. Na ocasião a menina, que ainda se relacionava com o diretor, teria ficado sabendo que o homem estava tendo outro relacionamento.
Ela teria entrado em contato com a atual namorada do diretor, bem como sua ex-mulher que mais tarde denunciou o caso ao MPF.
Neste contato, ela teria informado que estava com Antônio Isaac há mais de um
ano, contradizendo o que a mesma e a sua família afirmaram no ofício mencionado acima. Disse ainda que Isaac tirou a sua virgindade, que ela não era a primeira aluna a passar por isso e que iria denunciá-lo à polícia.
“Ela me informou que queria denunciar ele e me pediu orientação de como proceder. Brevemente, em seguida, ela me relatou que estava disposta a seguir a diante, porém com receio, pois ele a ameaçou de expor fotos íntimas dela e de se matar, mandando até uma foto segurando uma arma”, disse a ex-mulher na denúncia.
Nesse mesmo dia, a aluna afirmou que entrou em contato com a Pró-Reitora de Ensino por telefone, pedindo ajuda para denunciar Isaac por assédio, e também
falou com o pró-reitor da PRAE – mesma pró-reitoria para onde o Ofício foi
encaminhado. A estudante também expôs o assédio sofrido em suas redes sociais
“Esses prints circularam em muitos grupos de WhatsApp na época. Porém, nada foi realizado pela gestão do IFPB, nem uma apuração ou sindicância”, afirma a denúncia.
Em 2020 foi instaurado o processo no Ministério Público Federal e a ex-mulher de Isaac; a ex-namorada dele; a aluna envolvida, outras vítimas e outros alunos que testemunharam o caso.
Ainda na denúncia, é posto que o reitor Cícero Nicácio do Nascimento Lopes exonerou o diretor acusado em 23 de março de 2022.
Quando saiu do cargo, Antônio Isaac em nota afirmou que estava sofrendo um processo de calúnia, perseguição e difamação. Diz ainda, que iria acionar meios legais para apresentar sua defesa e cobrar reparação.
O ClickPB não conseguiu contato com Antônio Isaac, nem os outros nomes do IFPB citados na denúncia. A assessoria de imprensa do instituto não confirmou quando o profissional foi afastado, nem deu mais informações sobre os outros nomes e as vítimas, mas afirmou que o caso segue sendo apurado.
Fonte: Click PB