Não é surpreendente que o atacante paraibano Tiquinho Soares tenha se tornado o artilheiro do Campeonato Brasileiro de Futebol, após 12 rodadas – fez 10 gols, quatro a mais do que o segundo colocado, Vítor Roque, do Athletico-PR, e cinco gols à frente do terceiro, o também paraibano Hulk, do Atlético-MG. Ele já havia demonstrado ter ‘faro’ de gol em três temporada pelo Porto, entre 2017 e 2020: marcou 64 gols e foi campeão pela equipe portuguesa na temporada 2017/2018.
Logo na sua estreia pelo Porto, Tiquinho Soares fez os dois gols da equipe na vitória de 2 a 1 sobre o arquirrival Sporting. Daí em diante, se consolidou como um dos principais jogadores da equipe.
Na Paraíba, altos e baixos
No futebol paraibano, Soares se destacou pelo CSP, quando marcou 10 vezes em 17 jogos do Campeonato Paraibano de 2012 – nessa época, ele ainda não havia adotado o apelido ‘Tiquinho’ antes do sobrenome, isso só veio a acontecer no futebol português. Em 2013, chegou ao Treze como uma “grande promessa”, como dizia a imprensa. Mas teve uma passagem meteórica e improdutiva no ‘Galo da Borborema’: jogou apenas nove jogos e não marcou nenhum gol.
Tiquinho Soares é o chamado centroavante de ofício: sabe se colocar na área, faz muito bem o pivô e ainda auxilia a defesa quando é necessário. E faz movimentos inusitados: no domingo (25), por exemplo, no jogo contra o Palmeiras, deu uma bicicleta para retirar a bola de sua área.
Um time surpreendente
É claro que é surpreendente que o Botafogo se mantenha na liderança da Série A. Antes do início da competição, nem o mais fanático torcedor do ‘Glorioso’ projetava um desempenho tão regular de uma equipe que não está entre os maiores investimentos do futebol brasileiro.
Mas é fato que o Botafogo investiu certo. Sob o comando do português Luís Castro, conseguiu um encaixe singular entre os seus jogadores. Cada peça, tanto na parte ofensiva quanto na defensiva, executa a sua função de modo consistente, individual e coletivamente. É a mais completa tradução da palavra ‘entrosamento’.
Pela lógica do capital
O Botafogo pertence ao empresário norte-americano John Textor. O anúncio oficial da compra do alvinegro ocorreu em março do ano passado, quando ele se comprometeu a pagar R$ 400 milhões em três anos para adquirir 90% das ações da equipe carioca.
No ano passado, Textor declarou à imprensa francesa que precisou investir mais do que o esperado. “Já gastei duas vezes o que me foi pedido. Quando você começa a tomar decisões para um time, se você vê que [com] 10 ou 20 milhões você pode ir mais alto, você se apaixona pelo processo e gasta mais do que o planejado”, disse ao jornal L’Équipe.
O Botafogo, sendo uma SAF, é um time gerido pela lógica do capital, como se uma empresa fosse, e que, portanto, precisa dar lucro, ser superavitário. E as conquistas dentro de campo da equipe estão projetando um retorno promissor ao multimilionário John Textor, acionista majoritário também do Lyon, da França, e do inglês Crystal Palace, que disputa a Premier League.
Vitória sobre o Palmeiras
No domingo (25), o Botafogo ficou ainda mais líder. Após bater o então vice-líder Palmeiras por 1 a 0, no Allianz Parque, com gol de Tiquinho Soares, aos 27 minutos do primeiro tempo, foi a 30 pontos. Sete pontos a mais do que o Grêmio, que assumiu a segunda colocação ao golear o Coritiba por 5 a 1. E oito pontos à frente do agora terceiro colocado Palmeiras, que estacionou nos 22 pontos após perder duas seguidas: para Bahia e, agora, para o Botafogo.
Um internauta brincou com o desempenho de Tiquinho Soares. “Se é um ‘tiquinho’ e faz tantos gols, imagine se fosse um montão”. Brincadeiras à parte, o atacante tem demonstrado que ainda tem a mostrar no decorrer da competição.
Pero Vais