Estagnado o processo de fragmentação, pré-candidaturas das oposições – trabalho astuto dos estrategistas políticos do prefeito Cícero Lucena – restam apenas três nomes para brigar por vagas no segundo turno. O próprio prefeito, candidato à reeleição, Ruy Carneiro e o ex-ministro da saúde Marcelo Queiroga.
Fontes ligadas ao “alquimista” (Cícero) estão preocupadas com a desaceleração de seu crescimento, nos índices alcançados, que oscilam entre 30/33% desde setembro de 2023. Se debruçam sobre este estranho fenômeno, na busca de solução para que alcance 40% das intenções de votos, patamar que assegura com folga sua presença no segundo turno. Para os mais céticos, “bateu no teto”. Em 2020, esforço hercúleo o deixou com 20,72% no primeiro turno. Nilvan 16,71 e Ruy Carneiro 16,37%.
O eleitor de Nilvan Ferreira – que não disputará na Capital – é formado por um grande contingente periférico, composto pelas classes “D” e “E”, que abominam e desprezam a figura da pessoa física Cícero Lucena, estigmatizado como “arrogante”. Ele não tem culpa.
Mesmo se fizesse uma cirurgia plástica, modificando sua feição facial, não alteraria a opinião desta gente. A rejeição passa de pai para filho.
Quanto a Ruy Carneiro, seu reduto é dividido com Cícero Lucena – classes “A”, “B” e “C”. Na visão e memória dos pequenos formadores de opinião, habitantes das áreas mais vulneráveis da Capital, “são farinha do mesmo saco”. Estiveram juntos no PSDB desde o ano 2000. Se separaram quando a “criatura” Ruy se voltou contra seu “criador” Cícero Lucena. Ruy nunca conseguiu se livrar da ferrete – seu sotaque – que o marcou como forasteiro e carioca, tentando ser cacique na terra dos Tabajaras.
O ex-prefeito Luciano Cartaxo, que pontuou bem nas amostragens de intenção de voto para consumo interno do PP, está em rota de colisão com a direção do seu próprio partido (PT), cuja cúpula além de integrar espaços importantes no governo do Estado, obedece às diretrizes da “Nacional”, proibindo candidatura “petista” nas Capitais e cidades com perfil cosmopolita. Eventuais derrotas puxariam Lula para baixo, e atrapalhariam seu propósito de disputar a reeleição em 2026. Por outro lado, o PT/PB ainda tiraria o discurso do PSB, e atrofiaria a imagem de João Azevedo, aliado de Cícero Lucena desde de 2020. Cícero e Ruy bateram no teto. Não têm mais espaços por onde crescer, e se nivelam na rejeição.
As chances de crescimento são do ex-ministro Marcelo Queiroga. Rejeição inexpressiva, conta com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, da direita conservadora, dos Patriotas, resta conquistar os Cristãos (Igrejas Pentecostais). Desfalca os votos de Cícero e Ruy, por também ser aceito nas classes “A”, “B” e “C”. Se conseguir o apoio da maioria de sua categoria profissional (médicos), surpreenderá com a capacidade do Jaleco mudar a posição dos indecisos, nulos e brancos.
Humildade, saber pedir, conciliar interesses e inflar o ego de Wallber Virgolino, Nilvan Ferreira, Cabo Gilberto e Sérgio Queiroz – campeões de votos na Capital (eleições 2022) – é o grande desafio a ser enfrentado por Marcelo Queiroga. Só o diálogo constrói e obra milagres na política. Formação de uma boa equipe é fundamental para alcançar este objetivo colimado. Doravante, gastando saliva, sola de sapato, engolindo sapos e turbinando seu realce midiático, Marcelo Queiroga sai do piso e inicia a subida para alcançar o teto, que pode surpreender a todos, indo além do esperado.
Por Júnior Gurgel