Na entrevista concedida ao jornalista Heron Cid, esta semana, o governador João Azevedo deixou transparecer antecipadamente sua resignação em concluir o mandato – abdicando da aventura de concorrer a uma das duas vagas para o Senado em 2026 – quando impôs como condição “sine qua non” sua base unida e pacificada, elencando a postulação como principal desígnio.
Observando sob todos os ângulos, o governador sabe da impossibilidade de realizar esta “pajelança”, convencendo todos os desiguais a fumarem o cachimbo da paz. Hoje, seria bem mais fácil resolver o conflito de Gaza, entre Israel e o Hamas. As recentes declarações da senadora Daniella Ribeiro deixam transparecer clarividência inconfundível. “Meu foco é a minha campanha (reeleição) para o Senado”. Seu filho Lucas Ribeiro é o vice-governador. Qual seria a vaga destinada ao Republicanos, e quem impedirá Cícero Lucena – caso seja reeleito – de trocar de legenda e disputar o governo?
O presidente da ALPB, deputado Adriano Galdino, já está com sua campanha na rua. Disputará o governo do Estado a qualquer custo. Tem sido o maior aliado, amigo, companheiro e escudo humano do governador João Azevedo. Com humildade, apenas revela seu sonho de ter o apoio do governador, sem cobrar reciprocidade de modo arrogante, do seu gesto altruísta de nunca ter largado a mão de João. Se porventura João tropeçasse, sua queda seria ao lado de Adriano.
Na disputa municipal de Campina Grande, vencido o impasse Romero Rodrigues, o governador tinha a obrigação e o dever de apresentar um candidato. Quem deveria se propor a executar esta tarefa seria a Senadora Daniella Ribeiro, seu irmão Aguinaldo, transferindo para o vice Lucas o poder de decisão – até mesmo de ir para o sacrifício que não lhes traria nenhum prejuízo – e lançar-se contra Bruno Cunha Lima.
Daniella foi a primeira divergente, e apresentou Eva Gouveia e Rosália Lucas como pré-candidatas, subliminarmente deixando transparecer um boicote ao PSB de João Azevedo. Mesmo assim, não consumou seu intento. Deixou suas duas “pré” à beira da estrada, e subiu no caminhão de João, dirigido pelo destemido médico, ex-secretário da saúde, Jhonny Bezerra, que não se intimidou com o favoritismo do seu adversário.
Entretanto, o esperado era que doravante o vice Lucas Ribeiro se instalasse no Escritório de Representação do Governo do Estado, e com poder de caneta comandasse a campanha. Não apareceu ninguém do PP/PSD. Mais uma vez, Adriano Galdino (Republicanos) resolveu assumir o timão do barco. Escalou seu irmão, o deputado federal Murilo Galdino, para coordenar a campanha, e fazer uma perigosa travessia, em águas revoltas.
Daniella Ribeiro, pelos mapas eleitorais, ainda é a maior liderança de Campina Grande. Na última eleição que disputou (2018) para o Senado Federal, derrotou o mito insuperável da cidade, Cássio Cunha Lima. Obteve 103.877 votos, contra os 94.450 de Cássio. Por que Daniella deu as costas à cidade, que se encantou por ela?
Semana passada, no plenário do Senado, criticou duramente o senador Veneziano Vital do Rêgo, acusando-o de boicotar um empréstimo à prefeitura de João Pessoa (?). Veneziano vem despejando dezenas de milhões de reais em Campina Grande. Quanto Daniella destinou neste período ao município? Trocou Campina por João Pessoa? Cuidado senadora… “A ingratidão perde a afeição”.
Por Júnior Gurgel