O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) parabenizou na madrugada desta quarta-feira (6) o presidente eleito dos EUA, o republicano Donald Trump.
O que aconteceu
Bolsonaro chamou Trump de “amigo” e disse que a vitória representa um “triunfo histórico”. Ele escreveu que o republicano volta à Casa Branca para “restaurar a grandeza de sua nação, proteger os interesses de seu povo e trabalhar por um mundo mais livre e com mais paz e tranquilidade”.
Inelegível, o ex-presidente ligou a vitória de Trump ao seu próprio futuro político. “Talvez em breve Deus também nos conceda a chance de concluir nossa missão com dignidade e nos devolva tudo o que foi tirado de nós. Talvez tenhamos uma nova oportunidade de restaurar o Brasil como uma terra de liberdade.”
“Que a vitória de Trump inspire o Brasil a seguir o mesmo caminho”, disse. “Que nossos compatriotas vejam neste exemplo a força para jamais se dobrarem, para erguerem-se com honra, seguindo o exemplo daqueles que nunca se deixam vencer pelas adversidades.”
A vitória foi cravada às 7h32 (horário de Brasília), quando o republicano garantiu 276 delegados. Era necessário ter 270 delegados no colégio eleitoral para ser eleito.
Bolsonaro publicou no X antes mesmo de o triunfo de Trump sobre a democrata Kamala Harris estar sacramentado. “Hoje, testemunhamos o ressurgimento de um verdadeiro guerreiro. Um homem que, mesmo após enfrentar um processo eleitoral brutal em 2020 e uma injustificável perseguição judicial, ergueu-se novamente, como poucos na história foram capazes de fazer”, postou, por volta das 5h.
Bolsonaro está inelegível até 2030. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) tirou os direitos políticos do ex-presidente por causa da convocação de um encontro com embaixadores para fazer ataques às urnas eletrônicas. O evento foi uma agenda oficial do governo, em julho de 2022, e teve transmissão ao vivo pela TV Brasil. Na ocasião, a menos de três meses do primeiro turno, Bolsonaro fez afirmações falsas e distorcidas sobre o processo eleitoral, alegando estar se baseando em dados oficiais, além de buscar desacreditar ministros do TSE. Parlamentares bolsonaristas articulam uma anistia para o ex-presidente ser candidato em 2026.
“Fortalecimento da direita e dos conservadores”
Ex-presidente diz que vitória de Trump “ecoará em todos os cantos do mundo”. A vitória impulsionaria “não apenas os Estados Unidos, mas também o fortalecimento da direita e dos conservadores em muitos outros países”, afirmou.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também parabenizou o presidente eleito dos EUA. “Um homem temente a Deus. Um homem que ama o Estado de Israel”, escreveu em uma publicação no Instagram. “Que Deus abençoe a sua vida com sabedoria e discernimento para governar sua nação.”
Bolsonaro planeja última cartada contra inelegibilidade
Bolsonaro afirmou que planeja fazer o registro de sua candidatura para as eleições de 2026 no “último momento”. A declaração foi dada à revista Veja publicada no dia 1º.
Ele disse que vai tentar recuperar direitos políticos no Congresso. Para isso, pretende usar um projeto de anistia ou uma ação no STF (Supremo Tribunal Federal). O registro da candidatura seria uma cartada final.
Para Bolsonaro, a reunião com embaixadores na qual ele atacou o sistema eleitoral brasileiro não lhe rendeu votos. Por isso, ele afirma que a determinação de sua inelegibilidade é uma “injustiça”, e que essa visão precisa se “massificar” na opinião pública.
Bolsonaro fez afirmações falsas e distorcidas sobre o processo eleitoral. Ele alegou estar se baseando em dados oficiais, além de buscar desacreditar ministros do TSE. Durante a reunião, o ex-presidente utilizou o inquérito aberto pela PF para apurar um ataque hacker ao sistema do TSE nas eleições de 2018. A tese foi rebatida pelo tribunal e pelo delegado responsável pelo caso. Naquele ano, Bolsonaro foi eleito no segundo turno contra Fernando Haddad (PT).