Um hábito amplamente aceito pela sociedade americana pode estar mais associado a riscos graves do que muitos imaginam. Vivek Murthy, cirurgião-geral nos Estados Unidos, lançou um alerta: mesmo o consumo moderado de álcool pode aumentar o risco de câncer. Essa afirmação vem acompanhada de uma recomendação direta — a introdução de rótulos de advertência nas bebidas alcoólicas, semelhante aos aplicados nos maços de cigarro.
A proposta se baseia em dados alarmantes. De acordo com um estudo da American Cancer Society, o álcool é responsável por mais de 100 mil casos de câncer e cerca de 20 mil mortes anualmente nos Estados Unidos. No mundo, os números são ainda mais expressivos: mais de 740 mil diagnósticos foram atribuídos ao consumo de bebidas alcoólicas apenas em 2020, conforme relatado pela Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (IARC).
Murthy destaca que o álcool contribui para pelo menos sete tipos de câncer, incluindo mama, cólon e fígado. Além disso, entre as causas evitáveis de câncer nos EUA, o álcool ocupa a terceira posição, ficando atrás apenas do tabaco e da obesidade, segundo dados do National Cancer Institute (NCI).
Apesar das evidências, a conscientização sobre o tema ainda é limitada. Estudos mostram que menos da metade da população americana reconhece a ligação entre o consumo de álcool e o risco de câncer. Para Murthy, os rótulos de advertência seriam uma ferramenta eficaz para mudar essa realidade e incentivar escolhas mais conscientes.
Se a proposta avançar, os consumidores podem encontrar nas prateleiras não apenas garrafas com promessas de celebração, mas também mensagens que desafiam o mito do “consumo seguro”. Uma mudança que, segundo especialistas, pode salvar vidas e transformar a relação da sociedade com a bebida.
Por Hermano Araruna