No ano em que Gal Costa completou 80 anos, a cantora é comemorada com o lançamento de ‘Tigresa – Gal Costa Canta Anos 70’ . Escrito pelo jornalista Gutemberg Cruz e lançado pela editora Noir.
A obra examina os álbuns gravados por Gal na década de 1970, quando ela não apenas explorava novas sonoridades, mas também se tornou porta-voz de compositores como Caetano Veloso e Gilberto Gil. Na época, ambos viviam no exílio na Inglaterra, após serem alvos do regime militar brasileiro.
O livro investiga como a intérprete abraçou um canto político e desafios em um contexto marcado pela repressão. O período analisado inclui trabalhos emblemáticos como ‘Gal a Todo Vapor’ (1971) e ‘India’ (1973), discos que dialogam com questões de identidade, liberdade e resistência cultural.
Gutemberg Cruz destaca que a década de 1970 foi fundamental para entender a transição de Gal de uma intérprete da bossa nova para uma artista que usava a música como instrumento de posicionamento. A escolha de repertórios que desafiavam normas culturais reflete, segundo o autor, a coragem de uma cantora que, mesmo em tempos de censura, manteve sua voz livre e autêntica.
Lançado em um momento de redescoberta da obra de Gal Costa, o livro é uma homenagem à cantora, que, mesmo ausente, permanece viva na memória afetiva e no imaginário cultural do Brasil.
Por Hermano Araruna