Para Walter Salles, o cinema vai além da superfície. Em seu projeto mais recente, ‘Ainda Estou Aqui’, o cineasta revelou que a semelhança física entre atores e personagens nunca foi uma prioridade. “O que nos interessava era capturar a essência, o espírito de quem eles eram, mais do que a aparência”, afirmou, ao comentar a preparação do elenco para retratar cada um dos personagens.
Selton Mello, por exemplo, deu vida a Rubens, o patriarca da história. Apesar de não parecer fisicamente com o personagem à primeira vista, Selton assumiu um compromisso que ia além do visual. “Ele ganhou 20 quilos para se aproximar do Rubens que conheceu”, contou Salles. O peso, no entanto, foi apenas uma das camadas da transformação. “O que mais impressionou foi a maneira como ele compreendeu o coração daquele homem.”
A seleção do elenco foi guiada por um direcionamento um pouco comum: os atores irão refletir, em algum nível, os valores e interesses da família que retratariam. “Não é coincidência que os jovens do filme gostem de leitura, de música, e não sejam tão apegados às redes sociais”, explicou Salles. Essa escolha trouxe uma transformação palpável à narrativa, conectando a vida dos atores aos personagens.
O resultado é um filme que não busca apenas parecer verdadeiro, mas que se sente verdadeiro. Walter Salles mais uma vez reafirma sua crença de que o cinema não se limita ao que os olhos veem. “Contar uma história é entender as almas que a habitam”, concluiu.
Por Hermano Araruna
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