Oxóssi, o orixá caçador, guardião das matas e da fartura, ocupa um lugar especial não apenas no universo das religiões afro-brasileiras, mas também no coração da nossa música. Sua presença é evocada em canções que ultrapassam gerações, conectando espiritualidade e arte em uma celebração contínua de suas qualidades.
Nos anos 1970, o trio Os Tincoãs trouxe Oxóssi para o centro das atenções com uma saudação musical em ‘Oxóssi Te Chama’ . Quase simultaneamente, Antonio Carlos & Jocafi compuseram ‘Oxóssi Rei’, perpetuando a tradição do orixá com uma melodia que reverberava nos tambores e violões da época.
Décadas depois, Gerônimo Santana ampliou esse repertório ao lançar, em 1987, a canção ‘Oxóssi’ (‘Ille Asipa’), uma homenagem tão marcante que foi regravada por Sidney Magal, em 2018, mostrando como a força do orixá atravessa diferentes estilos e gerações.
No século XXI, uma tradição continuamente renovada. Moraes Moreira, em uma parceria emocionante com seu filho Davi, compôs ‘Papai Oxóssi’, em 2002, unindo o afeto familiar à devoção. Mais recentemente, em setembro de 2023, o jovem cantor carioca Kamaitachi trouxe sua visão contemporânea com o single ‘Oxóssi’, reafirmando que o orixá segue inspirando artistas e mantendo-se vivo na cultura popular brasileira.
Cada uma dessas músicas é um retrato da capacidade de Oxóssi de tocar o imaginário coletivo, um reflexo de sua essência que se adapta ao tempo sem perder suas raízes. Seja no batuque de um candomblé, na letra de uma canção ou na memória afetiva de quem ouve, Oxóssi continua a chamar, acolher e inspirar. Suas flechas certas não apenas garantem a fartura e a proteção, mas também fortalecem as raízes da identidade brasileira, entrelaçando fé, arte e tradição em uma herança que permanece viva.
Por Hermano Araruna
Comente sobre o post