O Brasil registrou, em 2024, o maior número de denúncias de trabalho escravo e análogo à escravidão desde a criação do Disque 100, em 2011. Foram 3.959 relatos em 12 meses, um aumento de 15,4% em relação a 2023. O crescimento das denúncias reflete uma realidade persistente: o país tem superado seus próprios recordes ano após ano desde 2021.
Entre as vítimas estão idosos, crianças, adolescentes, mulheres e pessoas com deficiência. O perfil das denúncias aponta para uma vulnerabilidade ampliada, onde a exploração se reinventa e encontra brechas em diferentes setores da economia.
Nos últimos 30 anos, cerca de 65,6 mil pessoas foram resgatadas pelo governo federal em condições degradantes de trabalho. O dado revela não apenas a dimensão do problema, mas também a necessidade de ações mais eficazes para combater esse crime, que persiste apesar dos avanços legislativos e operacionais.
A alta nas denúncias pode ser vista por duas perspectivas: de um lado, uma maior conscientização e acesso aos canais de denúncia; de outro, a continuidade de um ciclo de exploração que insiste em se perpetuar. Especialistas alertam que enfrentar essa realidade exige não apenas fiscalização, mas políticas públicas que garantam dignidade e oportunidades para as populações mais vulneráveis.
Enquanto os números crescem, histórias individuais revelam o peso dessa estatística. Pessoas que buscam trabalho e encontram apenas opressão, crianças que deveriam estar na escola presas em jornadas exaustivas, idosos e pessoas com deficiência usados como mão de obra sem direitos. Cada resgate expõe um sistema que ainda falha em garantir o básico: trabalho digno e liberdade.
Por Hermano Araruna
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