A edição de vídeos começou na base da gambiarra. Lá no começo do século XX, os primeiros editores eram basicamente alfaiates do cinema, recortando e colando película na unha, sem Ctrl+Z para salvar a pátria. Tesoura, cola e muito reza-brava para não estragar tudo.
Aí veio Sergei Eisenstein(um dos mais importantes cineastas soviéticos), um cara que olhou pra edição e pensou: “Isso aqui pode ser mais do que só um quebra-cabeça de cenas!” Ele inventou a montagem com mais reviravoltas que novela das nove, provando que um corte bem feito podia fazer o público rir, chorar ou questionar a própria existência.
O tempo passou, e a edição virou uma ciência esotérica. A moviola(uma marca de mesa de montagem ou mesa de edição de cinema, termo também usado para se referir ao dispositivo original inventado por Iwan Serrurier em 1917) entrou em cena, e os editores começaram a se sentir pilotos de nave espacial, mexendo em rolos de filme com a precisão de um cirurgião, só que sem diploma de medicina. Nos anos 70, chegou a edição eletrônica, trocando o tesourão por botões e fitas magnéticas. Era um avanço? Sim. Era rápido? Nem tanto. Tinha que seguir a ordem das coisas, tipo fila de banco.
Aí veio a era digital e chutou a porta. Nos anos 90, com o Avid e o Final Cut Pro, a edição virou uma rave: corta aqui, mexe ali, volta atrás sem culpa. O tempo deixou de ser linear, e qualquer um com um computador podia brincar de Spielberg.
Hoje, editar vídeo está tão fácil que até sua tia do WhatsApp faz(claro, se tiver criatividade e noção de narrativas). Aplicativos de celular transformaram todo mundo em cineasta de bolso(sério?), e plataformas como TikTok e YouTube elevaram a montagem ao nível “pega a atenção em três segundos ou perde o público”. O conceito de “corte seco” virou “corte sem paciência”.
E como se não bastasse, a Inteligência Artificial entrou na jogada. Agora, qualquer um pode pedir pro computador cortar, colorir, legendar e até rejuvenescer o tiozão do churrasco com um clique. Os deepfakes transformaram qualquer pessoa em estrela de Hollywood (ou em vilão de filme de conspiração), e os editores humanos começam a disputar espaço com robôs que não precisam de café pra render.
No fim das contas, edição sempre foi sobre manipular o tempo e dar sentido ao caos. Só que agora, além de fazer história, também precisa fazer trend. Quem diria que aquele pessoal lá do começo, cortando filme no alicate, estaria na raiz dos vídeos de dancinha? O mundo gira, e a timeline edita.
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