A música popular nordestina perde uma de suas maiores lendas, mas seu legado permanece eternizado por lei. O cantor e compositor Antônio Barros, que faleceu neste domingo (6), aos 95 anos, teve sua obra reconhecida oficialmente como patrimônio cultural imaterial do Estado da Paraíba, ao lado da parceira de vida e de palco, Cecéu.
A homenagem foi sancionada em 2021, por meio de uma lei de autoria da então deputada estadual Estela Bezerra (PSB), e publicada no dia 24 de junho, data simbólica para os nordestinos por ser o Dia de São João. A justificativa do projeto ressalta a importância do casal para a identidade cultural do estado.
“Antônio Barros e Cecéu são a própria essência do povo nordestino. Suas composições atravessam as gerações como a melhor expressão da nossa gente, da nossa terra e do nosso espírito paraibano e nordestino”, destacou a deputada.
Antônio Barros estava internado há mais de dois meses, após complicações causadas pelo Mal de Parkinson, doença degenerativa que afeta, entre outros sintomas, a capacidade de engolir, o que resultou em uma broncoaspiração. O artista morreu em Campina Grande, onde será velado nesta segunda-feira (7), a partir das 13h, no Parque das Acácias.
Natural de Queimadas, no Agreste paraibano, Antônio Barros nasceu em 1930 e começou a compor nos anos 1950. Sua trajetória ganhou novos rumos quando, duas décadas depois, mudou-se para Campina Grande e conheceu Mary Maciel Ribeiro, a Cecéu.
Foi o início de uma das parcerias mais prolíficas da música brasileira. Após o encontro, o casal seguiu para o Rio de Janeiro, onde consolidou uma carreira marcada por autenticidade, regionalismo e uma impressionante produção: são mais de 700 músicas compostas, sendo pelo menos 134 gravadas por grandes nomes da música nacional, como:
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Elba Ramalho
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Luiz Gonzaga
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Fagner
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Gilberto Gil
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Ney Matogrosso
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Alcione
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Marinês
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Trio Nordestino
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Os Três do Nordeste
Entre os maiores sucessos estão verdadeiros clássicos que atravessaram gerações, como:
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“Homem com H”
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“Bate Coração”
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“Procurando Tu”
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“Por Debaixo dos Panos”
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“Forró do Poeirão”
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“Forró do Xenhenhém”
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“Óia Eu Aqui de Novo”
Essas músicas ajudaram a construir o imaginário musical do Nordeste, ganhando as festas juninas, os rádios do Brasil e o coração do povo. A obra do casal é, hoje, mais do que um repertório de sucessos — é patrimônio vivo da cultura paraibana e nordestina.
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