Os dados mais recentes do Censo Escolar, divulgados pelo Ministério da Educação, traçam um retrato complexo da educação pública brasileira. O avanço do ensino médio em tempo integral é um dos destaques: 1,56 milhão de estudantes estão nessa modalidade, o triplo do registrado há uma década. Ainda assim, o número está aquém da meta de 25% de cobertura definida pelo Plano Nacional de Educação(PNE) — hoje, representa 23,1% das matrículas.
Outro desafio vem da formação técnica. A ambição de alcançar 4,8 milhões de alunos nessa área não se concretizou. Em 2023, o número de matriculados parou em 2,38 milhões. Enquanto isso, a Educação de Jovens e Adultos(EJA), tradicionalmente responsável por oferecer uma nova chance de escolarização, encolheu: perdeu quase um milhão de vagas nos últimos anos, mesmo com mais de 9,3 milhões de brasileiros acima dos 15 anos ainda enfrentando o analfabetismo.
Por outro lado, o crescimento da educação especial chama atenção. Com o aumento dos diagnósticos, especialmente de transtornos do espectro autista, o número de alunos atendidos nessa área mais que dobrou desde 2015. São mais de dois milhões de crianças e jovens hoje incluídos no sistema.
O conjunto dos dados revela avanços pontuais e gargalos persistentes. A realidade mostra que ampliar o acesso é apenas parte do caminho. É preciso manter o foco na permanência e na qualidade, para que a educação deixe de ser apenas uma promessa e se torne, de fato, uma possibilidade concreta de transformação.
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