O governo federal anunciou uma reformulação estratégica no programa Minha Casa, Minha Vida, incluindo pela primeira vez famílias com renda mensal de até R$ 12 mil. A nova Faixa 4 permitirá o financiamento de imóveis de até R$ 500 mil com taxas de juros abaixo das praticadas no mercado, em contratos que podem chegar a 35 anos.
A mudança sinaliza um esforço do Executivo para atender uma demanda crescente da classe média por crédito habitacional acessível — segmento historicamente excluído das políticas públicas de moradia. Segundo o Ministério das Cidades, cerca de 120 mil famílias devem ser contempladas inicialmente com essa nova modalidade.
O programa também atualizou os tetos de renda das faixas já existentes: Faixa 1 passa a atender famílias com renda de até R$ 2.850; Faixa 2, até R$ 4.700; e Faixa 3, até R$ 8.600. A medida deve beneficiar outras 100 mil famílias e ampliar o alcance do programa, que hoje responde por uma parcela significativa do crédito habitacional no país.
A expansão será viabilizada por uma combinação de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e um aporte de R$ 15 bilhões do Fundo Social do Pré-Sal. A ideia é liberar mais espaço no FGTS para a nova faixa, que também contará com suporte das instituições financeiras envolvidas.
A expectativa do setor é de que a iniciativa impulsione lançamentos imobiliários, aqueça a construção civil e facilite o acesso à casa própria em um momento de crédito restrito e juros elevados. Especialistas avaliam que o novo desenho do programa pode estimular uma parte do mercado até então dependente exclusivamente de financiamentos bancários tradicionais.
Mais do que uma política habitacional, a nova faixa do Minha Casa, Minha Vida se insere em um contexto político e econômico sensível, com possíveis impactos tanto sobre o consumo quanto sobre o crescimento do setor produtivo. Ao mirar a classe média, o governo amplia o alcance de um dos seus programas mais simbólicos e acena para um eleitorado que busca estabilidade e previsibilidade em tempos incertos.
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