Localizado no coração da capital paulista, o Edifício Joelma parece um prédio comum: fachada sóbria, ar-condicionado barulhento e um entra e sai de gente que provavelmente gostaria de estar em qualquer outro lugar. Mas não se deixe enganar pela aparência corporativa — por trás dos elevadores que demoram e das salas com carpete gasto, está um dos endereços mais sinistros do Brasil. E olha que a concorrência é forte.
Foi em 1º de fevereiro de 1974 que o prédio ganhou seu carimbo de “lugar onde definitivamente não se faz festa surpresa”. Um incêndio de proporções trágicas consumiu o edifício, matando 189 pessoas e deixando mais de 300 feridas. O fogo não só destruiu andares inteiros, como também gravou o nome Joelma na história das maiores tragédias urbanas do país — e, claro, na agenda dos caçadores de fantasmas.
Mas como toda boa história de terror que se preze, o roteiro do Joelma começou bem antes da primeira laje ser concretada. Reza a lenda — ou talvez só um cartório muito perturbado — que no terreno onde hoje se ergue o edifício, um homem resolveu protagonizar seu próprio episódio de true crime: assassinou a mãe e três irmãs e, como não existia Netflix para contar a história, jogou os corpos em um poço. Sim, um poço. Porque aparentemente enterrar corpos era mainstream demais.
Desde então, o lugar virou uma espécie de ponto turístico do sobrenatural. Visitantes juram sentir “uma energia pesada”, eu estive lá e senti arrepios, o que, considerando o número de tragédias empilhadas no local, é até educado demais. Há relatos de aparições, gritos no vazio e até aparições de fantasmas mais pontuais do que o transporte público de São Paulo.
O Joelma foi reformado, rebatizado (hoje atende pelo burocrático nome de Edifício Praça da Bandeira) e funciona normalmente — ou o mais normalmente possível para um lugar onde o além parece ter ponto fixo. Ainda assim, o passado teima em não pegar o elevador e ir embora. E convenhamos: se você fosse um fantasma com bom gosto, por que sairia de um dos imóveis mais infames do mundo?
Entre lendas, arquivos históricos e corredores com eco dramático, o Edifício Joelma segue ali, imponente, assombrado e 100% funcional. Um lembrete silencioso de que, em São Paulo, o caos nunca tira férias — nem mesmo o sobrenatural.
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