Conhecida por décadas como uma cidade marcada pelo verde, João Pessoa vê agora esse traço da sua identidade urbana se esvair. Dados divulgados na última quinta-feira (17) pelo IBGE revelam que apenas 53,2% das vias da capital paraibana contam com a presença de ao menos uma árvore. Em 2010, o índice era de 78,4%. A queda levou João Pessoa à 17ª posição entre as capitais brasileiras.
A pesquisa, que integra o Censo 2022, avaliou as características urbanísticas do entorno dos domicílios, incluindo a presença de vegetação nas vias públicas. Para o IBGE, uma rua arborizada é aquela que possui pelo menos uma árvore. A simplicidade do critério contrasta com a complexidade do impacto: menos árvores significam menos sombra, menos conforto térmico e maior exposição à poluição.
Durante anos, João Pessoa sustentou o título não oficial de “segunda cidade mais verde do mundo”, uma alcunha que, embora nunca confirmada por estudos internacionais, ajudava a construir o imaginário urbano de uma capital marcada pelo equilíbrio entre cidade e natureza. A perda de cobertura arbórea, no entanto, põe em xeque essa narrativa.
Enquanto isso, outras capitais avançaram. Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, lidera o ranking nacional, com 91,4% de suas vias arborizadas. Goiânia, Palmas, Curitiba, Brasília e Porto Alegre aparecem na sequência.
Mais do que números, a queda na arborização urbana em João Pessoa aponta para escolhas — ou omissões — no planejamento das cidades. A presença de árvores no espaço público não é apenas paisagismo; é infraestrutura verde que afeta diretamente a saúde, o clima e o bem-estar da população.
A ausência dessas árvores nas ruas pode parecer silenciosa. Mas, aos poucos, ela muda a forma como se caminha, respira e vive na cidade.
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