• Fale Conosco
domingo, 13 de julho de 2025
ParaíbaOn
  • Notícias
  • Paraíba
  • Cidades
  • Política
  • Brasil
  • Economia & Negócios
  • Esporte
  • Arte & Cultura
  • Mais
    • Saúde
    • Tecnologia
    • Educação
    • Empregos
    • Mundo
    • Variedades
    • Curiosidades
    • Agenda
    • Opinião
    • Concursos
    • Gastronomia
No Result
View All Result
ParaíbaOn
  • Notícias
  • Paraíba
  • Cidades
  • Política
  • Brasil
  • Economia & Negócios
  • Esporte
  • Arte & Cultura
  • Mais
    • Saúde
    • Tecnologia
    • Educação
    • Empregos
    • Mundo
    • Variedades
    • Curiosidades
    • Agenda
    • Opinião
    • Concursos
    • Gastronomia
No Result
View All Result
ParaíbaOn
No Result
View All Result
Home Arte & Cultura

Anistia para um filme banido e seu cineasta esquecido

by Romero Azevêdo
5 de maio de 2025
em Arte & Cultura
0
Anistia para um filme banido e seu cineasta esquecido
Compartilhar no FacebookCompartilhar no TwitterCompartilhar no Whatsapp

Conheci o cineasta Carlos Augusto Ribeiro Júnior, seridoense de Caicó-RN, em 1972, morava com meu irmão Rômulo na Praia de Botafogo, ao lado do Cine Ópera, no lendário edifico “Rajah” (hoje “Solimar”), apartamento 918. Numa tarde de sábado de um mês que não lembro mais, o amigo comum José Eudes (in memoriam), cearense, estudante da escola de teatro da UFRJ no Flamengo apareceu com Ribeiro Júnior no nosso apartamento, entre nós havia um elo em comum: o cinema. Ele tinha 23 anos, nós 19. Ribeiro acabara de sair da prisão, sem nenhuma queixa formal, apenas “suspeito” como éramos todos nós naquele tempo sombrio. Nessa prisão política e clandestina foi duramente torturado, passando por sessões de choques elétricos, pancadaria e afogamentos (episódio exorcizado numa das sequencias de “Boi de Prata”). Ainda tenso, mas não medroso, se recuperando desses momentos de terror real, ele nos falou com entusiasmo, olhos arregalados, gesticulando freneticamente, de um projeto que pretendia pôr em prática naquele momento, um filme sobre a fome no Brasil do sesquicentenário da independência (“marco extraordinário” na linguagem publicitária da ditadura). Augusto Júnior nos falou de sua perplexidade ao ver moradores de rua remexendo o lixo dos restaurantes do Centro do Rio, queria denunciar aquilo num filme e tinha um detalhe estético que fez questão de frisar: o filme teria que ser rodado com negativo vencido, para isso já descobrira uma loja na avenida Rio Branco que estava vendendo latas de película 16 milímetros, preto-e-branco, com prazo de validade vencido com um desconto bastante atrativo. Não conseguiu plasmar no celulóide seu projeto e não nos vimos mais.
Reencontrei aquele “kinock” (louco por cinema no idioma russo) anos depois desse primeiro encontro no Rio aqui mesmo em Campina Grande num dos festivais de inverno realizado no mês de julho. Falou-me que estava prestes a rodar seu primeiro longa em Caicó, disse que iria se chamar “Boi de Prata”, financiamento da Embrafilme e do governo do Rio Grande do Norte etc. Vibrei com a notícia e o parabenizei pela façanha de produzir um filme em 35 milímetros no interior do Nordeste (se hoje é difícil fazer um longa por aqui, imaginem no final da década de 1970 com a ditadura “nos cós da calça” como se dizia popularmente).
Depois desse encontro, que acabou sendo o último, fiquei sabendo de notícias sobre as filmagens através da imprensa e dos cineclubistas natalenses. Aguardei ansiosamente o lançamento do filme por aqui, fato que nunca aconteceu.
Só vim ver “Boi de Prata” nesse ano de 2021, o fotógrafo e produtor cultural Aladim Monteiro (que aparece com 10 anos de idade numa cena do filme) me indicou o link de uma cópia restaurada no YouTube. É um filme deslumbrante, uma obra de uma beleza artesanal visual que ultrapassa tudo que já foi dito sobre ele e confirma o grande talento daquele irrequieto cineasta que transpirava cinema por todos os poros.
O filme, entre outras virtudes, tem um elenco que concilia duas vertentes antagônicas do cinema brasileiro naquele momento da história: de um lado os veteranos do Cinema Novo e do outro os jovens realizadores do Cinema Marginal (ou “údigrudi” paródia irônica do “underground” americano atribuída a Glauber Rocha). No “Boi de Prata” convivem em harmonia estética Luiza Maranhão (“Barravento”, “A Grande Feira” “Assalto ao Trem Pagador”), José Marinho (“Terra em Transe”, “O Bandido da Luz Vermelha”) e Álvaro Guimarães (“Caveira my friend”). Na direção de fotografia o paraibano Walter Carvalho em seu segundo longa, o primeiro foi o documentário “O País de São Saruê”, dirigido pelo irmão Vladimir Carvalho. A trilha sonora é do potiguar Mirabô Dantas.
Embora reunindo essas e outras qualidades técnicas e artísticas, o filme ficou na prateleira da Embrafilme e nunca foi lançado comercialmente. Filme não exibido é filme morto, condenado ao limbo do esquecimento ou, para citar a expressão de Jean-Claude Bernardet, “a lata de lixo da História”. As versões sobre esse inexplicável descaso da Embrafilme que não distribuiu o filme são várias, mas até hoje não se sabe com certeza o que motivou mesmo essa estranha atitude da empresa estatal.
Trinta e sete anos depois desse injusto apagamento, surge uma luz- e que luz- sobre essa escuridão iluminando o “Boi de Prata”, reapresentando-o para as novas gerações que sequer tinham ouvido falar sobre o filme. Mas não foi a luz de um projetor de cinema (essa ainda se espera), foi a luz de um livro escrito com conhecimento e competência pela Mestre em História e produtora audiovisual Flávia Assaf. Paulista de nascimento e nordestina por adoção desde 1984, Flávia está para “Boi de Prata” assim como Saulo Pereira de Mello está para “Limite” de Mário Peixoto, ou seja, sem o empenho, a dedicação e o amor desses dois apaixonados pela pesquisa no campo do cinema brasileiro, esses importantes filmes, cada um no seu momento histórico, não existiriam mais.
O livro “Boi de prata – a estreia do sertão do Seridó no cinema terceiro-mundista brasileiro” (Flor do Sal, 2018) é um trabalho de fôlego, uma pesquisa apurada e detalhada que se estende por 214 páginas assentadas num rigor acadêmico digno de nota, porém sem tornar a leitura maçante como normalmente são os trabalhos nessa área. Ao contrário, a leitura do livro tem sabor de descoberta, de desvelamento de uma obra até então condenada ao mais repulsivo abandono. Flávia mergulhou de cabeça no filme resultando desse mergulho profundo uma acurada análise que inclui as inter-relações entre os elos sintático e semântico da obra, bem como sua intrínseca ligação com a região semiárida, sua economia, sua antropologia, sua religiosidade ancestral e as manifestações da sua cultura popular.
A paupérrima bibliografia do cinema brasileiro (falo em termos da escassez de títulos) se enriquece com esse livro que aborda pelo viés estético, político, sociológico, místico, geográfico, histórico, folclórico, científico, cultural, cinematográfico e até mesmo psicológico um filme até então desconhecido numa filmografia que já ultrapassa um século de existência.
Além do cotejamento com filmes considerados cânones da filmografia brasileira, como “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, “Os Fuzis” e “O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro”, à guisa de confirmação da proposta inédita do filme de Ribeiro Júnior em seu discurso político apoiado na teoria revolucionária de Frantz Fanon, Flávia também ausculta a ambiguidade que envolve o realizador e sua obra (págs.100 e 101) , nos revelando dados que ajudam na compreensão mais ampla do processo que envolve criador/criação, abordagem muito pouco vista em trabalhos semelhantes.
A práxis redentora de Flávia Assaf possibilitou uma restauração preliminar, de ótima qualidade, do filme de Carlos Augusto Ribeiro Júnior, trabalho ao que me consta financiado por um dos seus filhos. Foi essa cópia restaurada que tive acesso no YouTube e pude ver, mais de 40 anos depois da última conversa que tive com Ribeiro Júnior em Campina Grande, o estigmatizado “Boi de Prata”.
Tenho a impressão que chegou a hora de Caicó, e por extensão o Rio Grande do Norte, anistiar o “Boi de Prata” e seu realizador, tirando-o desse ingrato esquecimento e mandando distribuir cópias do filme e do livro nas escolas públicas e privadas do estado a fim de que os estudantes de hoje possam ter o direito de conhecer e estudar essas duas obras que se completam pelo seu pioneirismo, sua qualidade e especialmente seu amor às coisas da nação potiguar.

Leia também

Dia Mundial do Rock: aquele grito que nunca desafina

Fimus 2025 dá o tom musical a partir de hoje

Ozzy Osbourne escreve novo capítulo da própria insanidade — agora com mais vértebras comprometidas

Share60Tweet37Send

+Notícias

Dia Mundial do Rock: aquele grito que nunca desafina
Arte & Cultura

Dia Mundial do Rock: aquele grito que nunca desafina

13 de julho de 2025
Fimus 2025 dá o tom musical a partir de hoje
Arte & Cultura

Fimus 2025 dá o tom musical a partir de hoje

11 de julho de 2025
Ozzy Osbourne escreve novo capítulo da própria insanidade — agora com mais vértebras comprometidas
Arte & Cultura

Ozzy Osbourne escreve novo capítulo da própria insanidade — agora com mais vértebras comprometidas

11 de julho de 2025
Ana Maria Gonçalves entra para a ABL e faz história como a primeira mulher negra eleita para a instituição
Arte & Cultura

Ana Maria Gonçalves entra para a ABL e faz história como a primeira mulher negra eleita para a instituição

11 de julho de 2025
Cinema no Cenário volta com mostra de curtas paraibanos exibidos em Paris
Arte & Cultura

Cinema no Cenário volta com mostra de curtas paraibanos exibidos em Paris

10 de julho de 2025
Djavan ganha tributo de vozes da nova geração enquanto prepara álbum inédito
Arte & Cultura

Djavan ganha tributo de vozes da nova geração enquanto prepara álbum inédito

10 de julho de 2025

Comente sobre o post

NAVEGUE POR CATEGORIAS

NOTÍCIAS RECOMENDADAS

João Azevêdo reage a críticas da oposição e minimiza movimentações políticas para 2026

João Azevêdo reage a críticas da oposição e minimiza movimentações políticas para 2026

11 de julho de 2025
Ringo Starr faz 85 anos hoje e diz se sentir com 24: “Me olho no espelho e é isso que vejo”

Ringo Starr faz 85 anos hoje e diz se sentir com 24: “Me olho no espelho e é isso que vejo”

7 de julho de 2025
Justiça condena Letícia Rodrigues por injúria racial contra colegas de teatro em João Pessoa

Justiça condena Letícia Rodrigues por injúria racial contra colegas de teatro em João Pessoa

11 de julho de 2025
Alerta renovado: Inmet prevê até 50 mm de chuva e risco de alagamentos para João Pessoa e mais 14 cidades

Alerta renovado: Inmet prevê até 50 mm de chuva e risco de alagamentos para João Pessoa e mais 14 cidades

10 de julho de 2025
Grande João Pessoa recebe 14 novos ônibus para reforçar transporte intermunicipal

Grande João Pessoa recebe 14 novos ônibus para reforçar transporte intermunicipal

10 de julho de 2025
Japão quebra recorde mundial de velocidade na internet e redefine o que é “conexão rápida”

Japão quebra recorde mundial de velocidade na internet e redefine o que é “conexão rápida”

11 de julho de 2025
ParaíbaOn

O portal mais conectado da Paraíba

Contato / Sugestão de Pauta

Nossas Redes

  • Notícias
  • Paraíba
  • Cidades
  • Política
  • Brasil
  • Economia & Negócios
  • Esporte
  • Arte & Cultura
  • Mais

© 2023 Portal ParaíbaOn - Desenvolvido por - 9ideia Brasil Comunicação.

No Result
View All Result
  • Notícias
  • Paraíba
  • Cidades
  • Política
  • Brasil
  • Economia & Negócios
  • Esporte
  • Arte & Cultura
  • Mais
    • Saúde
    • Tecnologia
    • Educação
    • Empregos
    • Mundo
    • Variedades
    • Curiosidades
    • Agenda
    • Opinião
    • Concursos
    • Gastronomia

© 2023 Portal ParaíbaOn - Desenvolvido por - 9ideia Brasil Comunicação.