Uma pesquisa do Datafolha revela uma transformação silenciosa no comportamento dos brasileiros em relação ao álcool. Entre os que dizem consumir bebidas alcoólicas — metade da população adulta —, mais da metade reduziu a ingestão no último ano. O dado sugere não apenas uma mudança individual, mas um reflexo de tendências culturais, de saúde e estilo de vida que ganham força em diversas partes do mundo.
O levantamento ouviu 1.912 pessoas em 113 cidades do país. Dos entrevistados, 53% dos que bebem afirmaram ter diminuído o consumo. Entre os que se abstêm, os motivos são variados: para 34%, a decisão está ligada à saúde; 21% não gostam do sabor; e 13% citaram razões religiosas.
O recorte etário traz um paradoxo interessante. A faixa de 18 a 34 anos ainda lidera o consumo de bebidas alcoólicas, mas é também a que mais protagoniza a redução. Essa mesma geração, conectada a discursos sobre bem-estar e autocuidado, vem repensando rotinas e escolhas. Em muitos casos, não se trata de abandonar completamente o álcool, mas de ressignificar sua presença no cotidiano.
O fenômeno acompanha um movimento global que questiona o lugar da bebida em festas, encontros e até na publicidade. No Brasil, onde o álcool historicamente ocupa espaço central em celebrações, a mudança parece estar vindo de forma gradual, puxada por novas prioridades e visões de futuro.
Aos poucos, o copo cheio cede espaço a outras formas de sociabilidade — e, em muitos casos, a um novo olhar sobre o que significa aproveitar a vida.
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