A obra do cantor e compositor Biliu de Campina agora é oficialmente patrimônio cultural da Paraíba. A lei que reconhece o legado artístico do forrozeiro foi sancionada pelo governador João Azevêdo e publicada no Diário Oficial do Estado (DOE-PB) nesta quarta-feira (7), após aprovação na Assembleia Legislativa da Paraíba. A proposta foi apresentada pelo deputado estadual Delegado Wallber Virgolino.
Com a sanção, todo o acervo artístico de Severino Xavier de Souza, conhecido artisticamente como Biliu de Campina, passa a ser protegido por lei como bem de relevante interesse histórico e cultural para o povo paraibano.
Natural de Campina Grande, Biliu foi um dos principais nomes da resistência ao forró tradicional. Ao longo de sua carreira, resgatou as raízes nordestinas com irreverência, crítica social bem-humorada e respeito às tradições populares. Foi presença constante no palco do Maior São João do Mundo, onde se tornou símbolo da identidade cultural da Paraíba.
A lei também é uma homenagem póstuma. Biliu faleceu em julho de 2024, aos 75 anos, após sofrer uma queda que resultou em um grave sangramento na cabeça. Ele estava internado no Hospital de Trauma de Campina Grande e chegou a ser transferido para a UTI. O artista foi sepultado no Cemitério do Monte Santo, próximo ao túmulo de Genival Lacerda, outro grande nome da música nordestina.
Formado em Direito pela UEPB, Biliu trocou a advocacia pela música em 1978. Desde então, lançou diversos projetos independentes, como os discos Tributo a Jackson e Rosil, Forró o Ano Inteiro e Matéria Paga, além dos CDs Do Jeito que o Diabo Gosta e Forrobodologia. Em 2002, lançou o irreverente Diga Sim a Biliu de Campina, fazendo um trocadilho com a campanha nacional contra a pirataria.
Ele também teve músicas gravadas por nomes como Messias Holanda e fundou a banda Os ETs do Forró. No repertório, incluiu clássicos como “O Canto da Ema” e “Sebastiana”, além de composições próprias como “A Grande Herança” e os hinos do bloco Galo de Campina.
Em sua carreira, Biliu foi homenageado diversas vezes, incluindo o troféu Ícone da Cultura pelo projeto Sesi Forró na Empresa, em 2008. Em 2022, foi nomeado Mestre das Artes da Paraíba, pela Lei Canhoto da Paraíba.
O reconhecimento da obra de Biliu como patrimônio cultural é mais um passo no fortalecimento da memória artística da Paraíba, eternizando o legado de um artista que sempre fez da música um instrumento de identidade e resistência cultural.
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