O governo federal iniciou tratativas com parceiros comerciais para tentar reverter as suspensões impostas às exportações de carne de frango e derivados, após a confirmação do primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial no Brasil. O foco da doença foi registrado no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul.
A movimentação ocorre em meio a um esforço para conter impactos na balança comercial do agronegócio. Atualmente, mais de 20 países interromperam, parcial ou totalmente, as importações de produtos avícolas brasileiros. Entre eles, estão China, União Europeia, Canadá, Coreia do Sul e países da América do Sul, como Argentina, Chile e Uruguai.
Embora o Ministério da Agricultura considere as suspensões temporárias, a interrupção das exportações já preocupa o setor. Estimativas do governo apontam que o país pode deixar de exportar entre US$ 100 milhões e US$ 200 milhões por mês, enquanto as restrições estiverem em vigor.
Segundo o secretário de Comércio e Relações Internacionais da pasta, Luis Rua, as negociações estão em andamento, mas cada país adota medidas conforme seus próprios protocolos. A aposta do Brasil é na regionalização dos embargos — ou seja, limitar as restrições ao entorno do foco da infecção — como forma de acelerar a retomada parcial do comércio.
Países como China e União Europeia são considerados estratégicos nesse processo, por representarem fatias importantes do mercado. A regionalização, prevista em diversos acordos sanitários, pode restringir os embargos a um raio de 10 quilômetros do foco, ao município afetado ou ao estado.
O Japão, por exemplo, já suspendeu as importações provenientes apenas de Montenegro, seguindo os termos acordados previamente com o Brasil. A decisão foi tomada logo após a notificação oficial do caso.
Outros países com acordos de regionalização — como Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Filipinas — ainda não anunciaram medidas concretas, mas aguardam informações detalhadas enviadas pelo governo brasileiro.
De acordo com o Ministério da Agricultura, todas as medidas de contenção e desinfecção estão em curso, e a notificação à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) foi feita dentro do prazo. O plano de contingência nacional também foi ativado, seguindo as diretrizes internacionais.
A expectativa é que, com as ações em andamento e a transparência das informações, parte dos embargos possa ser revista antes mesmo do encerramento oficial do foco — que, por protocolo, ocorre 28 dias após a completa desinfecção da área atingida.
Comente sobre o post