Dirigido por Kleber Mendonça Filho, O Agente Secreto estreou com força no Festival de Cannes no último domingo (18) e já figura entre os destaques da mostra. O novo longa do cineasta pernambucano — reconhecido por títulos como Bacurau e Aquarius — recebeu 13 minutos de aplausos e atingiu 100% de aprovação no site Rotten Tomatoes, que compila avaliações de críticos especializados ao redor do mundo.
Ambientado no Brasil dos anos 1970, o filme acompanha Marcelo, personagem de Wagner Moura, um especialista em tecnologia que chega ao Recife durante o carnaval, em fuga e em busca de reencontrar o filho. Ao desembarcar na cidade, no entanto, percebe que está longe de um refúgio seguro. A narrativa mergulha em um cenário de tensão política e social, enquanto revela as camadas de um país marcado por autoritarismo e desigualdades históricas.
A crítica internacional destacou o trabalho de direção de Mendonça Filho, elogiando sua habilidade de recriar a atmosfera da época com precisão e dinamismo. Elementos como o contexto do racismo estrutural, ainda presente como herança colonial, são explorados sem didatismo, inseridos na trama como parte viva da experiência dos personagens.
No elenco, nomes como Maria Fernanda Cândido, Gabriel Leone, Isabél Zuaa e Alice Carvalho reforçam o olhar multifacetado da produção, que transita entre drama político, suspense e memória. A presença de um elenco diverso e a ambientação durante o carnaval adicionam camadas simbólicas à história, entre a festa e a fuga, a esperança e o medo.
Com uma recepção calorosa em sua primeira exibição, O Agente Secreto entra oficialmente na corrida pela Palma de Ouro, principal prêmio do festival. A seleção e o reconhecimento em Cannes reforçam a força do cinema brasileiro contemporâneo em levar ao exterior narrativas que dialogam com questões locais e universais, política e afeto, identidade e resistência.
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