A cena poderia ter passado despercebida se não envolvesse um presidente da República, uma primeira-dama com pulso firme e uma câmera ligada. No desembarque do casal Macron em Hanói, nesta segunda-feira (26), um gesto inesperado da primeira-dama francesa, Brigitte Macron, viralizou e virou motivo de especulação internacional — ou, como diria qualquer francês blasé, um “momento de cumplicidade”.
As imagens mostram Emmanuel Macron aparentemente entretido em uma conversa — ou debate — no interior do avião presidencial, sem perceber que a porta já estava aberta. Eis que surgem, repentinamente, os braços de Brigitte. Ela o agarra pelo rosto com as duas mãos e o empurra, como quem diz: “Chegou a hora de trabalhar, Emmanuel”.
Surpreso, o presidente recompõe-se, vira-se para os fotógrafos e acena. Ao descer a escada da aeronave, estende o braço para a esposa, num gesto rotineiro de cortesia pública. Brigitte, no entanto, não retribui. Não há tragédia: só um desconforto sutil, como se estivesse dizendo que galanteria, ali, era secundária.
O vídeo viralizou nas redes sociais com legendas criativas e teorias abundantes. Houve quem visse um casamento à beira do colapso. Outros enxergaram ali o retrato fiel de qualquer relação duradoura: uma dose de ternura, uma pitada de impaciência e um empurrão simbólico para enfrentar o mundo.
Procurado, o gabinete presidencial tratou o episódio com um misto de leveza e controle de danos. “Não é nada”, disse Macron a jornalistas em Hanói. “Era uma brincadeira com minha esposa.” Um assessor, com vocabulário um pouco mais generoso, descreveu como uma “briga inofensiva”. Outro foi mais criativo e garantiu: “Estavam relaxando. É um momento de cumplicidade”.
A França, claro, já viveu momentos políticos mais graves — vide os protestos dos coletes amarelos ou as tensões diplomáticas recentes com o Sahel. Mas poucos eventos mobilizam a atenção popular como os tropeços de seus líderes, sobretudo quando esses tropeços envolvem o rosto presidencial sendo empurrado por mãos bem conhecidas.
Macron, que enfrenta uma agenda intensa no Vietnã e desafios diplomáticos crescentes na Europa, provavelmente gostaria que o assunto morresse ali. Mas na política — e no casamento — cada gesto é um capítulo. E, nesse episódio, Brigitte foi clara: a comédia começa logo que se abre a porta do avião.
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