Em um país onde a diversidade cultural é a regra, os Novos Baianos conseguiram algo raro: unir samba, rock, baião e psicodelia em um só acorde — e ainda fazer isso parecer natural. Formado em 1969, o grupo não apenas desafiou as convenções musicais da época, mas também as sociais, vivendo em comunidade e compartilhando tudo, desde refeições até composições.
O grupo era composto por Moraes Moreira (vocal e violão), Baby Consuelo (atual Baby do Brasil, vocal), Pepeu Gomes (guitarra), Paulinho Boca de Cantor (vocal) e Luiz Galvão (letrista). A formação se completava com Dadi (baixo), Jorginho Gomes (bateria e bandolim), Bola Morais e Baixinho (percussão).
O primeiro álbum, É Ferro na Boneca (1970), já mostrava a inclinação do grupo para a mistura de gêneros, mas foi com Acabou Chorare (1972) que os Novos Baianos atingiram o auge. Influenciados por João Gilberto, que frequentemente visitava o grupo em seu apartamento no Rio de Janeiro, o álbum trouxe clássicos como “Brasil Pandeiro”, “Preta Pretinha” e “Mistério do Planeta”. A obra foi eleita pela revista Rolling Stone Brasil como o melhor disco da história da música brasileira em 2007.
A vida em comunidade no sítio de Vargem Grande, no Rio de Janeiro, foi fundamental para a criatividade do grupo. Lá, tudo era compartilhado: das tarefas domésticas às composições musicais. Essa convivência intensa resultou em uma produção artística rica e inovadora, que influenciou gerações futuras.
Após a separação no final dos anos 1970, os integrantes seguiram carreiras solo, mas o legado dos Novos Baianos permanece vivo. Reuniões esporádicas e turnês comemorativas, como a de 2016, mostram que a música do grupo ainda ressoa com o público.
Os Novos Baianos não foram apenas uma banda; foram um movimento que desafiou normas e criou uma nova linguagem musical brasileira. Em tempos de polarização, talvez seja hora de revisitar a lição que eles nos deixaram: a beleza da convivência e da mistura.
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