Num país onde golpes financeiros são quase tão comuns quanto cafés coados, o INSS resolveu colocar um filtro de selfie entre o beneficiário e o empréstimo consignado. A partir desta semana, qualquer tentativa de desbloqueio do crédito no benefício exigirá mais do que boa vontade: será necessário passar pela validação de vivacidade — ou seja, provar, com o rosto, que você está vivo e que é você mesmo.
As mudanças foram anunciadas na terça-feira (26), com foco em impedir fraudes e, de quebra, organizar a bagunça dos pedidos pendentes. Agora, bloqueios automáticos continuarão sendo feitos no momento da concessão do benefício. Para quem quiser reverter a trava, há dois caminhos: se for logo após o benefício ser concedido, há um prazo de 90 dias para o desbloqueio via aplicativo Meu INSS. Já se o beneficiário trocar o local de pagamento — uma prática comum entre os que tentam burlar o sistema ou escapar de bancos com filas intermináveis — o prazo é menor: 60 dias.
A nova fase do processo digital vai além de apertar botões. O app exige que o usuário faça um reconhecimento facial, cruzando a imagem com bancos de dados do governo, como o da Justiça Eleitoral. Essa etapa, chamada de “verificação de vivacidade”, pretende garantir que não é um atravessador tentando se passar por um aposentado vulnerável.
Enquanto isso, quem já estava na fila com pedidos de desbloqueio anteriores à era do reconhecimento facial será convocado para a mesma triagem tecnológica. Segundo o INSS, todos esses casos serão processados “em lote”, e os interessados deverão acessar o Meu INSS para confirmar sua identidade digitalmente.
A mudança acontece em meio a um crescimento nas denúncias de fraudes em empréstimos consignados — um setor em que até ligações de call center já conseguiram convencer idosos a liberar crédito com um simples “sim”. Agora, parece que só o reconhecimento facial salvará os mais distraídos.
Para os menos familiarizados com tecnologia, ou que possuem celulares tão antigos quanto as primeiras parcelas do INSS, a transição promete ser desafiadora. Mas o governo garante que a medida aumentará a segurança e evitará que terceiros continuem usando os benefícios dos outros como se fossem cartão de crédito pré-pago.
Como diz o ditado: quem não deve, tira selfie.
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