Parabéns, contribuinte: só agora seu salário começa a ser seu. Até esta data — mais conhecida como “hoje” — o brasileiro médio trabalhou exclusivamente para pagar impostos. Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), foram necessários 149 dias em 2025 para saldar a fatura com o Estado. Isso mesmo: quase cinco meses de suor destinados a manter a máquina pública abastecida. E ainda dizem que o funcionalismo está parado.
O cálculo do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação(IBPT) transforma a carga tributária em uma contagem de dias úteis de vida. O resultado não vem com recibo, mas é didático: de 1º de janeiro até o fim de maio, tudo o que você ganhou — ou deixou de ganhar — já foi embora em forma de imposto de renda, ICMS, IPTU, INSS, entre outros sopapos invisíveis.
A conta cresceu. Em 1989, bastavam 90 dias para pagar a fatura com o Estado. Três meses e pronto, o resto era lucro — ou pelo menos parecia. Agora, são quase cinco. Em compensação, serviços públicos continuam desafiando a lógica tributária: paga-se como na Suécia, mas espera-se como no Brasil mesmo.
A arrecadação federal ultrapassou os R$ 2,6 trilhões no ano passado. A cereja do bolo tributário é o IVA, o Imposto sobre Valor Agregado, que no Brasil tem a maior alíquota do mundo: quase 29%. Um valor tão salgado que daria para temperar toda a carne tributada no açougue da esquina.
O Leão continua faminto, e o contribuinte, disciplinado. Trabalha em silêncio, paga com fé e espera, quem sabe um dia, receber de volta algo mais do que um carnê novo.
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