Diante de uma Philippe-Chatrier barulhenta e parcial, o brasileiro João Fonseca escreveu mais um capítulo marcante de sua curta, mas promissora trajetória no tênis profissional. Com apenas 18 anos, o carioca superou o francês Pierre-Hugues Herbert por 3 sets a 0 na segunda rodada de Roland Garros — parciais de 7/6 (4), 7/6 (4) e 6/4 — e garantiu vaga inédita na terceira fase de um Grand Slam. A vitória, além de técnica, foi construída sob forte pressão emocional, diante de um público hostil e de um adversário 16 anos mais experiente.
Fonseca, que já vinha chamando atenção desde os tempos de juvenil — chegou a ser número 1 do mundo na categoria — mostrou que a transição para o circuito profissional vai além da potência no saque ou da mobilidade em quadra. Ele tem cabeça. “Mentalidade” foi a palavra que mais repetiu ao final do confronto, ao justificar como manteve a consistência mesmo nos momentos mais delicados do jogo.
No saibro parisiense, o jovem também entrou para a estatística: tornou-se o mais novo tenista a chegar à terceira rodada de Roland Garros sem perder sets desde Rafael Nadal, em 2005. A comparação é inevitável, mas Fonseca evita qualquer rótulo precoce. Prefere falar em processo, evolução e, sobretudo, resiliência.
Seu próximo desafio será o britânico Jack Draper, atual número 5 do mundo, que eliminou o francês Gael Monfils no encerramento da rodada. O confronto será o primeiro entre os dois e, mesmo diante da desvantagem no ranking, Fonseca enxerga o duelo com clareza estratégica. “Esses jogos são sobre entender que altos e baixos vão acontecer. A chave é se manter firme mentalmente”, afirmou.
Ainda que o tênis seja um esporte de pontos curtos e decisões solitárias, João Fonseca parece entender que os grandes momentos exigem uma construção que vai além da raquete. Em Roland Garros, ele começa a firmar não apenas sua técnica, mas sua presença — e talvez, cedo demais, sua história.
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