• Fale Conosco
sexta-feira, 11 de julho de 2025
ParaíbaOn
  • Notícias
  • Paraíba
  • Cidades
  • Política
  • Brasil
  • Economia & Negócios
  • Esporte
  • Arte & Cultura
  • Mais
    • Saúde
    • Tecnologia
    • Educação
    • Empregos
    • Mundo
    • Variedades
    • Curiosidades
    • Agenda
    • Opinião
    • Concursos
    • Gastronomia
No Result
View All Result
ParaíbaOn
  • Notícias
  • Paraíba
  • Cidades
  • Política
  • Brasil
  • Economia & Negócios
  • Esporte
  • Arte & Cultura
  • Mais
    • Saúde
    • Tecnologia
    • Educação
    • Empregos
    • Mundo
    • Variedades
    • Curiosidades
    • Agenda
    • Opinião
    • Concursos
    • Gastronomia
No Result
View All Result
ParaíbaOn
No Result
View All Result
Home Opinião

As pipas, os cadernos e os olhos que não voltam

Entre bombas e escombros, a infância é enterrada em silêncio — e o mundo, anestesiado, assiste à morte dos sonhos como se fosse parte da paisagem.

by Hermano Araruna
16 de junho de 2025
em Opinião
0
As pipas, os cadernos e os olhos que não voltam

An anti-missile system operates after Iran launched drones and missiles towards Israel, as seen from Ashkelon, Israel April 14, 2024. REUTERS/Amir Cohen TPX IMAGES OF THE DAY

Compartilhar no FacebookCompartilhar no TwitterCompartilhar no Whatsapp

Era para ser só mais uma manhã.

O sol nascia sobre Gaza com a mesma luz de sempre — talvez até mais bonita, se alguém ali ainda ousasse reparar em beleza. Um menino acordaria com preguiça, reclamando do dever de casa, perguntando se podia brincar antes do café. Uma menina perguntaria onde estava seu caderno, porque hoje teria aula de ciências, e ela gostava da professora.

Leia também

Bezos casa, e Veneza surta

Fuja, milionário, fuja!

Garimpo high-tech, escravidão old school: Amazônia vira palco de um faroeste distópico patrocinado pela omissão

Mas nada disso aconteceu. Porque não foi só mais uma manhã.

A bomba caiu antes do café. Caiu antes da aula, antes do dever de casa, antes da risada no quintal. Caiu antes que os pais pudessem dizer “bom dia”, antes que os filhos pudessem dizer “até mais tarde”.

E o mundo? O mundo continua. Com suas reuniões, seus aplicativos, seus cafés gourmet e suas palavras mornas. O mundo “lamenta profundamente” — essa expressão que virou senha para a indiferença elegante. “Lamentamos profundamente as mortes”. Mas quem morre não quer lamento. Quer justiça, quer respiro, quer viver.

Nos escombros, uma boneca sem braço. Um caderno rasgado com o nome de uma menina que não vai mais aprender o nome dos planetas. Um chinelo pequeno. Um livro de colorir que ficou cinza de poeira. E, ao lado de tudo isso, uma mãe gritando o nome do filho que ninguém mais responde.

Dizem que a guerra é complicada. Dizem que é uma questão “histórica”, “religiosa”, “geopolítica”. Dizem, como se isso explicasse o inexplicável. Como se qualquer argumento do mundo pudesse justificar o sangue de uma criança. Como se uma faixa de terra pudesse valer mais que uma vida pequena, recém-começada.

Os homens discutem fronteiras com dedos em mapas, mas os corpos estendidos no chão não cabem em cartografia nenhuma. Não há GPS que mostre o caminho de volta para quem perdeu tudo. E não há tratado de paz que devolva um filho ao colo de uma mãe.

Israel chora seus mortos. Gaza, os seus. E eu me pergunto: quantas lágrimas ainda são necessárias para molhar a consciência do mundo? Quantas covas infantis precisam ser abertas até que se diga, sem mas nem porém, que matar criança é inaceitável? Que matar criança é o fim de qualquer razão?

A guerra não tem heróis. Tem órfãos. Tem sobreviventes com traumas que não cabem em laudos. Tem crianças que, quando desenham, não fazem casinhas com sol e árvore, mas tanques, aviões, explosões. Tem gente que desaprendeu a sonhar, porque o futuro virou um lugar onde só se chega de sorte.

E, no entanto, aqui estou eu, escrevendo crônica. Tentando alinhar palavras como quem varre cacos com as mãos. Não resolve, eu sei. Mas também não consigo calar.

Porque enquanto houver uma criança sem nome, soterrada sob o que restou de sua casa; enquanto houver uma escola bombardeada, um hospital em ruínas, um pai implorando por ajuda com os olhos vazios — então escrever é o mínimo. Gritar com palavras é o mínimo.

E se hoje um menino não pode empinar sua pipa, se uma menina não pode abrir seu caderno, então que o papel da crônica sirva, ao menos, para guardar o que sobrou da infância deles: um sonho interrompido, uma esperança por recomeço.

Quem sabe, um dia, os céus de Gaza e de Tel Aviv voltem a ter apenas nuvens. Quem sabe, um dia, as crianças possam aprender que há guerras que não se repetem. E que a humanidade — essa que hoje sangra — ainda é capaz de se reconhecer no olhar do outro.

Até lá, escrevo. E escrevo como quem segura a mão de uma criança que não conheci. Como quem promete: não vamos esquecer.

Tags: destaque
Share60Tweet37Send

+Notícias

Bezos casa, e Veneza surta
Opinião

Bezos casa, e Veneza surta

27 de junho de 2025
Fuja, milionário, fuja!
Opinião

Fuja, milionário, fuja!

27 de junho de 2025
Garimpo high-tech, escravidão old school: Amazônia vira palco de um faroeste distópico patrocinado pela omissão
Opinião

Garimpo high-tech, escravidão old school: Amazônia vira palco de um faroeste distópico patrocinado pela omissão

27 de junho de 2025
Lula marca reunião com presidente do Congresso para debater IOF — e, quem sabe, salvar os cacos do acordo furado
Política

Lula marca reunião com presidente do Congresso para debater IOF — e, quem sabe, salvar os cacos do acordo furado

27 de junho de 2025
Entre foguetes que pousam sozinhos e vidas penduradas em cordas: a tecnologia voa, mas a humanidade tropeça
Opinião

Entre foguetes que pousam sozinhos e vidas penduradas em cordas: a tecnologia voa, mas a humanidade tropeça

25 de junho de 2025
Quem tem medo do baião? A diva(?) que confundiu feijão com lavagem
Opinião

Quem tem medo do baião? A diva(?) que confundiu feijão com lavagem

22 de junho de 2025

Comente sobre o post

NAVEGUE POR CATEGORIAS

NOTÍCIAS RECOMENDADAS

Entre a Coroa e o Voto: livro mergulha no impacto político da novela “Que rei sou eu?”

Entre a Coroa e o Voto: livro mergulha no impacto político da novela “Que rei sou eu?”

9 de julho de 2025
Estudantes da EJA podem se cadastrar no Passe Livre a partir desta segunda

Estudantes da EJA podem se cadastrar no Passe Livre a partir desta segunda

5 de julho de 2025
Paraíba tem quase 700 vagas em concursos públicos com inscrições abertas em julho

Paraíba tem quase 700 vagas em concursos públicos com inscrições abertas em julho

7 de julho de 2025
São João de Julho começa nesta terça-feira em Sousa com shows e programação gratuita

São João de Julho começa nesta terça-feira em Sousa com shows e programação gratuita

8 de julho de 2025
PSG humilha Real Madrid por 4 a 0 no MetLife e vai à final do Mundial de Clubes

PSG humilha Real Madrid por 4 a 0 no MetLife e vai à final do Mundial de Clubes

9 de julho de 2025
Câncer de pâncreas: o inimigo oculto que ataca em silêncio

Câncer de pâncreas: o inimigo oculto que ataca em silêncio

6 de julho de 2025
ParaíbaOn

O portal mais conectado da Paraíba

Contato / Sugestão de Pauta

Nossas Redes

  • Notícias
  • Paraíba
  • Cidades
  • Política
  • Brasil
  • Economia & Negócios
  • Esporte
  • Arte & Cultura
  • Mais

© 2023 Portal ParaíbaOn - Desenvolvido por - 9ideia Brasil Comunicação.

No Result
View All Result
  • Notícias
  • Paraíba
  • Cidades
  • Política
  • Brasil
  • Economia & Negócios
  • Esporte
  • Arte & Cultura
  • Mais
    • Saúde
    • Tecnologia
    • Educação
    • Empregos
    • Mundo
    • Variedades
    • Curiosidades
    • Agenda
    • Opinião
    • Concursos
    • Gastronomia

© 2023 Portal ParaíbaOn - Desenvolvido por - 9ideia Brasil Comunicação.