Ferramentas de inteligência artificial, que até pouco tempo pareciam distantes da realidade dos pequenos empreendimentos, já fazem parte da rotina de 44% dos micro e pequenos empresários brasileiros. O dado vem de uma pesquisa recente do Sebrae, que aponta uma transformação silenciosa e acelerada no cotidiano de quem empreende no país — com a IA deixando de ser luxo de grandes corporações para se tornar ferramenta prática em comércios de bairro, oficinas, salões de beleza e lojas online.
A adesão tem relação direta com o porte do negócio e o perfil do empreendedor: quanto maior a empresa, maior o índice de uso da tecnologia. E quanto maior o grau de escolaridade do dono, mais presente está a inteligência artificial nas decisões e na operação diária. A pesquisa mostra também um dado revelador sobre a digitalização do setor: 98% dos pequenos negócios no Brasil já mantêm algum tipo de presença online, seja com um perfil em redes sociais, um site ou uma loja virtual.
Mais do que um modismo tecnológico, o uso da IA tem se mostrado uma aliada em tarefas que vão da automatização do atendimento ao cliente até o controle de estoque, análise de vendas e produção de conteúdo para redes sociais. Em muitos casos, é ela quem sugere preços, organiza a agenda, traduz documentos, envia cobranças e até propõe novos produtos com base no comportamento dos consumidores.
A adaptação, no entanto, não é homogênea. Apesar do avanço, ainda há desafios na capacitação e no acesso às ferramentas. Para muitos empreendedores, a IA continua sendo percebida como algo técnico demais ou inacessível. A pesquisa mostra que, entre os que ainda não usam, a principal barreira é o desconhecimento sobre como começar.
Para o Sebrae, o dado de que quase metade dos pequenos negócios já utilizam IA é um sinal de que a tecnologia está deixando de ser um diferencial e passando a ser uma exigência competitiva. “O empreendedor brasileiro tem uma capacidade enorme de adaptação. O que precisamos agora é garantir que o uso da inteligência artificial esteja ao alcance de todos, não só dos mais escolarizados ou capitalizados”, disse o presidente da entidade, Décio Lima.
Enquanto isso, nas ruas e nos cliques, a transformação segue: o dono da pizzaria que usa IA para responder clientes no WhatsApp, a manicure que marca horários por agenda automatizada, a papelaria que faz anúncios com base em algoritmos. Aos poucos, a inteligência artificial vai se tornando, também, parte da inteligência cotidiana de quem empreende no Brasil.
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