É dia de vestir a camisa quadriculada, calçar aquela bota e seguir o som da sanfona como quem segue um chamado sagrado. Porque o São João de Santa Rita tá mais quente que fogueira em dia de promessa.
Não é exagero. Hoje tem Donas da Farra, Forró Pegado, Felipe Mello e Mara Pavanelly no palco. Uma formação que daria inveja a qualquer line-up de festival em capital. Aqui é na raça, no suor, na poeira da praça, com milho assado na mão e coração batendo no compasso do triângulo.
As Donas da Farra já chegam com os dois pés no peito da sofrência, botando moral e dizendo: “quem manda nessa festa somos nós”. E mandam mesmo. O povo se aperta, dança embolado, tropeça no forró e sorri como se não existisse amanhã.
Aí vem Forró Pegado, e o chão treme. É gente gritando, “toca aquela!”, é casal reatando entre uma música e outra, é ex que se esconde no meio da multidão e atual crush que aproveita o embalo pra se declarar.
Felipe Mello entra como quem chega pra organizar o caos — mas acaba mesmo é incendiando. Com aquele piseiro que não deixa nem a alma parada, ele faz até o vendedor de pipoca largar o carrinho pra bater o pé. É nesse momento que você entende: em Santa Rita, até a gravidade tira folga pra dançar.
E quando Mara Pavanelly subir ao palco, aí é que o juízo se despede de vez. Ela canta, e o povo chora com sorriso no rosto. Não tem quem não se abrace, quem não feche os olhos por um segundo e diga baixinho: “oxente, isso aqui é vida!”. A entrega vem no primeiro acorde.
Então, se você ainda tá em casa pensando se vale a pena sair… só lamento. Porque hoje Santa Rita é o lugar onde o mundo faz uma pausa pra dançar forró. Quem quiser que invente desculpa, que fique preso no trânsito, que continue reclamando da vida nas redes sociais. Aqui, a gente resolve tudo com um arrasta-pé e um “vamo simbora, que hoje tem festa!”
E que festa, visse? Porque se o céu for parecido com o São João de Santa Rita, eu nem me preocupo com a eternidade. Basta uma noite dessas pra alma ficar em paz. E com gosto de canjica.
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