Jeff Bezos, que já entregou de tudo pela Amazon, agora entregou a si mesmo — em casamento. E não foi qualquer festinha: foram três dias de ostentação coreografada, uma cidade histórica alugada, jatinhos em fila indiana e um Greenpeace indignado na porta. Afinal, não é todo dia que um bilionário resolve transformar Veneza num anexo do Met Gala.
Bezos, 3º homem mais rico do mundo, disse “sim” à ex-apresentadora Lauren Sánchez com direito a tapete vermelho sobre canais seculares, convidados que custam mais que algumas obras do Louvre e uma estimativa de gastos entre US$ 46,5 milhões e US$ 55,6 milhões — superando, com folga e champanhe vintage, o casamento real de Charles e Diana. Que fase.
O evento reuniu cerca de 200 celebridades, incluindo Oprah, Kim Kardashian, Bill Gates e Tom Brady — um encontro entre o Vale do Silício e a realeza dos reality shows. Todos hospedados em hotéis onde a diária vale mais que o aluguel anual de muito brasileiro. Um dos pontos altos: o Aman Venice, onde R$ 15 mil por noite te dá o direito de escovar os dentes com vista para a história europeia.
O governador da região, entusiasmado com os US$ 50 milhões de impacto econômico local, comparou a festança a “cinco Super Bowls” — o que diz muito sobre o que se prioriza quando o bilionário certo escolhe o destino certo para dizer “I do”.
Mas como nem só de selfies com gondoleiros vive uma república da grana, o protesto não ficou de fora. Moradores protestaram contra o bloqueio da cidade, turistas reclamaram da transformação do patrimônio histórico em set de novela da Netflix e o Greenpeace (acompanhado do grupo “Todos odeiam Elon Musk”, porque por que não?) estendeu uma faixa nada sutil na Praça São Marcos: “Se você pode alugar Veneza pro seu casamento, pode pagar mais impostos.”
E Bezos, sensível como um algoritmo, resolveu a questão com um cheque simbólico de €1 milhão para um instituto de pesquisa local. Afinal, nada como dar uma gorjeta à cultura europeia depois de estacionar 95 jatinhos particulares no aeroporto. Trânsito aéreo digno de réveillon em Angra.
Enquanto isso, o resto do planeta segue assistindo ao espetáculo com aquele misto de fascínio e enjoo. Porque no fim, o recado está claro: o mundo é palco — e os bilionários, os donos da iluminação, da entrada VIP e, se quiserem, da cidade inteira. Para o casamento? Sim. Para pagar impostos? Talvez na próxima vida.
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