Lá se vai mais um jatinho. E não, não é para Angra ou Trancoso. Os ricos brasileiros estão literalmente batendo asas. Em 2025, segundo estimativas internacionais, cerca de 1.200 milionários devem deixar o país com destino ao que chamam de “estabilidade”. A debandada é 50% maior que em 2024, o que coloca o Brasil num respeitável 6º lugar no ranking global do êxodo de milionários. Sim, somos campeões até quando os ricos decidem ir embora.
Na bagagem: cerca de US$ 8,4 bilhões em investimentos líquidos. Ou, como diz o pessoal da Faria Lima, “cash, baby!”. E não estamos falando daquele tio que aplicou tudo na poupança desde o Plano Real. São pessoas com pelo menos US$ 1 milhão livre, leve e solto, pronto para ser convertido em euros, francos suíços ou, com sorte, até em vinhos da Toscana.
Motivos? O de sempre: instabilidade fiscal, política imprevisível, insegurança jurídica e um leve pânico de que o Estado resolva lembrar que tributar grandes fortunas é uma possibilidade constitucional. Diante disso, os destinos preferidos são os de sempre — Emirados Árabes, Estados Unidos e Itália, lugares onde o calor humano é proporcional à temperatura da conta bancária.
Agora, antes que você, leitor assalariado, pense “bem feito!”, vale lembrar: milionários não somem sozinhos. Eles levam consigo uma cadeia inteira de consumo de luxo, investimentos, empregos de alto nível e aquela “influência silenciosa” que define onde será o próximo bairro nobre da cidade. Não é só a cobertura triplex que fica vazia — é a economia que sente o baque.
Nos últimos dez anos, o Brasil viu sua população de milionários encolher 18%, um dos maiores declínios do planeta. Ou seja, nossos ricos estão diminuindo e não é por falta de whey protein. Estão simplesmente indo embora. Talvez não aguentem mais pagar IPVA de helicóptero. Talvez não consigam lidar com a ideia de que o aeroporto de Guarulhos tem fila. Ou talvez, só talvez, não queiram mais esperar que o país funcione.
Enquanto isso, por aqui, seguimos com as mesmas perguntas de sempre: por que a elite vai embora? Por que a classe média vai ao psicólogo? E por que o pobre não vai a lugar nenhum?
A resposta talvez esteja lá em cima, em voo de cruzeiro, entre um espumante francês e uma transferência bancária para Dubai. Ou, mais provável ainda, esteja aqui embaixo, na nossa velha mania de achar que o país se resolve sozinho enquanto os que podem… resolvem sair de fininho.
Comente sobre o post