Duas décadas depois de sacudir o cinema mundial, Cidade de Deus continua colhendo reconhecimento. O longa brasileiro, dirigido por Fernando Meirelles e codirigido por Kátia Lund, aparece na 15ª posição de um ranking elaborado pelo The New York Times com os 100 melhores filmes do século 21. E mais: é a única produção brasileira a figurar na lista.
Para compor o levantamento, o jornal norte-americano ouviu mais de 500 profissionais da indústria cinematográfica — entre diretores, atores e críticos de diferentes partes do mundo — em uma tentativa de mapear o que de mais significativo foi produzido no cinema desde o ano 2000.
O topo do pódio ficou com Parasita, obra-prima sul-coreana dirigida por Bong Joon-ho e vencedora do Oscar de Melhor Filme em 2020. Na sequência aparecem títulos como Cavalo de Turim (Hungria), Era uma Vez em Tóquio (Japão) e Amor à Flor da Pele (Hong Kong), reforçando o olhar global da seleção.
Entre os filmes mais votados da América Latina, Cidade de Deus é, disparado, o maior destaque. A obra, que estreou em 2002, retrata com crueza e energia o cotidiano violento das favelas cariocas nos anos 1960 e 1970, acompanhando a trajetória do jovem Buscapé em meio ao caos social da Cidade de Deus, zona oeste do Rio de Janeiro. Com um elenco formado em grande parte por atores não profissionais, o filme se destacou justamente por sua autenticidade e impacto visual.
O reconhecimento internacional não é novidade: Cidade de Deus já havia sido indicado a quatro Oscars, incluindo Melhor Direção e Melhor Roteiro Adaptado, e desde então é presença constante em listas e debates sobre os filmes mais influentes do século.
A nova consagração mostra que o longa brasileiro segue atual — não apenas pela temática social, mas por sua força estética e narrativa. Em tempos de algoritmos e streamings, em que o conteúdo circula mais do que nunca, a favela filmada por Meirelles segue ecoando nas telas do mundo todo.
Para quem já viu, é a prova de que o cinema nacional pode ser universal. Para quem ainda não viu, talvez seja hora de parar o scroll e assistir a uma das histórias mais marcantes já contadas em português.
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