Antes de Popeye virar ícone pop, comer espinafre direto da lata e enfrentar Brutus em alto-mar, havia Frank “Rocky” Fiegel — um americano de verdade, nascido em 1868, em Chester, Illinois, que provavelmente não imaginava que sua carranca inspiraria uma das figuras mais duradouras da cultura pop.
Frank não era marinheiro, mas parecia já ter saído de uma tirinha desde o berço: um olho permanentemente inchado por brigas de bar, um cachimbo que parecia parte do rosto e uma fama local de valentia que misturava temor e carinho entre os moradores. Trabalhou como zelador, mas seu expediente extra era colecionar confusões e histórias em becos, tavernas e esquinas — o tipo de sujeito que impunha respeito mais pela postura do que pela força bruta.
Quem conheceu Fiegel garante: era brigão, sim, mas tinha um coração mole por crianças — especialmente quando não estavam tentando derrubar seus barris de cerveja. E foi justamente uma criança, Elzie Crisler Segar, também nascido em Chester, que cresceu ouvindo essas histórias e vendo o “Rocky” circular pelas ruas com seu ar invencível.
Anos depois, Segar colocaria tudo isso em papel: o que era carne virou traço, e o que era lenda local virou Popeye, em 1929. A personalidade veio direto da fonte. O que faltava em músculos no mundo real foi compensado com punhos desproporcionais nas tirinhas. Já o espinafre, bem, esse foi uma licença nutricional da época.
Frank Fiegel morreu em 1947, com uma medalha simbólica de imortalidade cultural no peito — e um cachimbo ainda na boca. Está enterrado no cemitério de Chester com uma lápide que orgulhosamente o identifica como “Inspiração para Popeye”. Um epitáfio direto, sem floreios, como o próprio Rocky gostaria.
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