Uma escola pública de Sapé, no interior da Paraíba, acaba de alcançar um feito inédito na 17ª edição da Olimpíada Nacional em História do Brasil (ONHB). Três estudantes do 9º ano B da Escola Municipal Júlia Figueiredo não só garantiram vaga na final da competição, como também conquistaram o título de melhor equipe do estado — algo até então inédito para uma escola da rede municipal.
Sob orientação do professor Bruno Chaves, duas equipes da escola foram classificadas para a última etapa da olimpíada, que será realizada nos dias 30 e 31 de agosto, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em São Paulo. Ao todo, mais de 57 mil equipes de escolas públicas e privadas de todo o Brasil participaram da competição. Dessas, apenas 351 avançaram à final.
A trajetória dos alunos de Sapé é marcada por dedicação e superação. Em um cenário educacional onde as desigualdades estruturais ainda pesam sobre o ensino público municipal, a façanha ganha contornos ainda mais simbólicos.
“Ver meus alunos chegarem tão longe é uma alegria enorme”, afirmou Bruno Chaves. Ele fala com a autoridade de quem já esteve do outro lado: em 2011, ainda estudante do IFRN, foi finalista da 3ª edição da ONHB. “Foi aquela experiência que me fez querer ser professor, e professor de escola pública. Hoje, poder orientá-los nessa mesma olimpíada tem um gosto especial.”
A Olimpíada Nacional em História do Brasil é organizada anualmente pelo Departamento de História da Unicamp e envolve estudantes do ensino fundamental e médio de todo o país. Ao longo de seis fases online, os participantes mergulham em temas como escravidão, ditadura, cultura indígena, história local e formação do Brasil contemporâneo. O formato privilegia o trabalho em equipe, a leitura crítica de fontes e a capacidade de interpretação histórica — elementos que fogem do modelo tradicional de decoreba.
Além da equipe campeã estadual, a presença da segunda equipe da mesma escola na final é um reflexo da dedicação coletiva. Ambas foram preparadas nas horas vagas, em meio às limitações comuns da rede pública, como acesso restrito à internet e carência de material didático atualizado.
Agora, com a final marcada, a expectativa é grande. Os estudantes vão encarar desafios presenciais na Unicamp, junto a centenas de outras equipes de todo o país. Mas, para muitos, a maior vitória já aconteceu: provar que com incentivo, professores engajados e alunos motivados, a escola pública é — e deve ser — espaço legítimo de excelência e transformação.
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