A arte na pele ganhou um novo protagonista — e, spoiler: ele não tem alma nem Instagram. Seu nome é A.E.R.O., um robô tatuador que, com a frieza de uma impressora e a precisão de um neurocirurgião, começa a redesenhar não só peles humanas, mas os limites da profissão de tatuador.
Desenvolvido pela startup texana Blackdot, o robô foi parar em um estúdio de Manhattan, onde transforma qualquer imagem digital em um delicado mapa de pontos. Depois, com movimentos milimetricamente calibrados, ele traça linhas tão exatas que nem o tatuador mais zen, sóbrio e bem alimentado conseguiria replicar. Isso, claro, desde que você esteja buscando uma arte geométrica ou um fine-line minimalista.
Mas por trás dessa exibição estética com agulhas existe algo ainda mais instigante: o braço robótico da IA não foi treinado apenas para fazer tatuagens bonitas. A tecnologia usada para mapear a pele com lasers, evitar falhas e atingir somente camadas superficiais é praticamente a mesma que já começa a ganhar espaço na medicina. A diferença é que, no hospital, errar pode custar mais do que um desenho torto.
Enquanto o A.E.R.O. tatua sem tremer, outras inteligências artificiais já começaram a tomar posse da prancheta médica. A FDA (espécie de Anvisa norte-americana) já carimbou mais de mil aprovações de dispositivos médicos com IA. Um deles, o sistema da Microsoft — apelidado por alguns de “Dr. House sem mau humor” — acerta 85% dos diagnósticos difíceis. Nada mal para um conjunto de algoritmos que nunca precisou de café.
A startup Mediwhale, por sua vez, promete detectar riscos cardíacos e renais com uma simples fotografia do fundo do olho — sim, um clique e tchau para os exames invasivos. Já o Vince 5, robô cirurgião com mais cirurgias no currículo que muito médico experiente, realizou mais de 2,6 milhões de operações no último ano.
E não para por aí. O Google DeepMind resolveu mirar mais alto e anunciou que seu plano é curar “todas as doenças conhecidas”. É o tipo de meta que soa arrogante vinda de humanos, mas que ganha um certo charme quando dita por uma IA.
A pergunta que fica é: e nós, carne e osso, onde entramos nessa história? Talvez reste a tarefa nobre de contar as histórias, lidar com o inesperado — ou aceitar que, no futuro, até isso possa virar protocolo.
Enquanto isso, se quiser fazer uma tatuagem, pense duas vezes: talvez sua pele esteja sendo usada como sala de aula para o próximo cirurgião robô do planeta.
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