Em plena turbulência comercial entre Brasil e Estados Unidos, a Embraer encontrou um respiro no céu europeu. A fabricante brasileira anunciou a venda de 45 jatos E195-E2 para a Scandinavian Airlines (SAS), num contrato estimado em R$ 22 bilhões — a maior venda para um único cliente desde 1996.
O negócio chega em um momento estratégico. Com boa parte de sua receita atrelada ao mercado norte-americano, a Embraer figura entre as empresas brasileiras mais vulneráveis à tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos, uma medida anunciada recentemente pelo ex-presidente Donald Trump em seu novo pacote de retaliações comerciais.
Estudos internos indicam que, se mantida, a tarifa pode reduzir em até US$ 475 milhões o lucro da Embraer em 2026, afetando severamente as projeções operacionais da empresa. Analistas apontam uma possível retração de até 60% nas margens futuras.
Mesmo com uma valorização expressiva de suas ações — que dobraram nos últimos 12 meses — os papéis da companhia sofreram oscilações com o aumento da incerteza política. O governo brasileiro, por meio do Ministério de Portos e Aeroportos, já discute alternativas para proteger o setor aeronáutico, responsável por uma fatia relevante das exportações brasileiras para os EUA.
Enquanto isso, a Embraer reposiciona sua rota: amplia sua presença na Europa e fortalece laços com novos mercados. Com a SAS, a fabricante abre caminho para consolidar sua frota na Escandinávia — e, ao mesmo tempo, sinaliza ao mercado que pode continuar crescendo mesmo em tempos de instabilidade internacional.
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