A Polícia Civil da Paraíba (PCPB) já colheu depoimentos de 45 pessoas no inquérito que apura possíveis danos à saúde visual de pacientes atendidos durante um mutirão de cirurgias oftalmológicas promovido no Hospital das Clínicas de Campina Grande, em maio deste ano. A investigação foi aberta logo após o registro do primeiro boletim de ocorrência envolvendo complicações pós-operatórias.
De acordo com a PCPB, as oitivas continuam em andamento, mas enfrentam obstáculos logísticos e humanos. A maioria das vítimas é composta por pessoas idosas, algumas com mobilidade reduzida e residentes em municípios afastados da região metropolitana de Campina Grande, o que tem exigido da equipe de investigação esforços extras para garantir que todos sejam ouvidos em condições adequadas.
O órgão afirmou que, apesar da vulnerabilidade dos envolvidos, não é possível priorizar depoimentos com base em critérios etários, já que quase todos os pacientes afetados são idosos, com direitos iguais de atendimento. A polícia também informou que novas oitivas estão previstas para as próximas semanas.
As autoridades ainda não divulgaram um balanço oficial sobre o número total de pacientes com sequelas ou sobre eventuais responsabilidades criminais. O mutirão foi promovido com o objetivo de atender a uma demanda reprimida por cirurgias de catarata, condição que atinge principalmente pessoas acima dos 60 anos.
A Polícia Civil ressaltou, em nota, seu compromisso com uma apuração técnica e imparcial. Segundo a instituição, o caso está sendo tratado com o mesmo rigor que marca a atuação da corporação em investigações complexas, como homicídios e crimes relacionados a organizações criminosas.
O Hospital das Clínicas, ligado à Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), ainda não se manifestou oficialmente sobre o andamento da apuração interna, tampouco confirmou a extensão dos casos de complicações entre os pacientes operados.
A Secretaria de Estado da Saúde informou que acompanha o caso e que aguarda a conclusão das investigações para adotar eventuais medidas administrativas. Representantes do Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB) também acompanham a apuração e não descartam a abertura de sindicâncias para apurar a conduta dos profissionais envolvidos no mutirão.
O caso expõe os riscos associados a ações concentradas de atendimento em massa, sobretudo quando voltadas para populações vulneráveis e em contexto de alta demanda. A investigação segue sob sigilo parcial, mas os desdobramentos podem gerar repercussões tanto na esfera criminal quanto na área da saúde pública.
Comente sobre o post