Em 1956, Flávio de Carvalho decidiu dar um verdadeiro balançar nas rígidas convenções de moda masculina com sua “Experiência nº 3”. O artista saiu às ruas da Rua Barão de Itapetininga, no coração de São Paulo, vestindo o que ele chamou de “New Look” — um conjunto que incluía blusa, saia, meia-calça e sandália. A ideia? Mostrar que homem também pode — e deve — se vestir para o calor tropical sem abrir mão do conforto, e quem sabe até arriscar uma saia.
Claro que, naquela época, isso não passou despercebido — muito pelo contrário. A roupa virou motivo de choque, escândalo e fofoca, porque colocar um homem de saia não era apenas um estilo diferente: era uma afronta à ordem social vigente. Flávio não estava apenas testando tecidos; estava questionando o patriarcado da moda e a ditadura do terno e gravata, abrindo espaço para pensar identidade e liberdade.
Mais do que um desfile polêmico, a “Experiência nº 3” ficou para a história como uma das primeiras performances brasileiras a usar o corpo como uma verdadeira ferramenta de arte, desafiando normas e provocando reflexões até hoje. Flávio de Carvalho, então, ganha seu lugar na galeria dos pioneiros que não tiveram medo de virar cabeças — literalmente. Afinal, quem disse que homem não pode usar saia?
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