Poucas dores são tão cruéis quanto a de perder um filho. Glória Perez sabe disso como ninguém. Em 1992, ela enterrou Daniella Perez, assassinada a sangue frio por Guilherme de Pádua e Paula Thomaz, colegas de cena da jovem atriz, mas, nos bastidores, algo muito pior.
Três décadas depois, o ator Raul Gazolla, viúvo de Daniella, revelou algo que parece trivial, mas carrega o peso de uma vida: só agora viu Glória sorrir. Um gesto simples, que ficou trancado por 32 anos num luto congelado, abafado por manchetes, julgamentos, e uma Justiça que, como sempre, tem prazos para tudo, menos para o sofrimento.
Guilherme de Pádua foi condenado a 19 anos, mas cumpriu sete. Virou pastor evangélico, seguiu sua vida, pediu perdão, não à família da vítima, mas ao público em geral. Paula Thomaz também reconstruiu a própria narrativa. Mudou de nome, casou de novo, teve filhos. Enquanto isso, Glória seguiu com a mesma filha morta e o mesmo silêncio ensurdecedor da justiça brasileira quando se trata de vidas que não voltam.
Gazolla foi direto: celebrou a morte de Pádua. E disse, com todas as letras, que o mundo respira melhor sem ele. Talvez soe cruel. Talvez soe apenas humano. Afinal, como pedir serenidade a quem teve a vida arrancada de forma brutal?
Há quem acredite em recomeços, em redenção. Outros apenas aprendem a sobreviver. O que parece inegociável é o direito ao luto e à memória.
O caso Daniella Perez escancarou falhas institucionais, suavidade penal e um sistema que parece mais preocupado em “reintegrar” do que em proteger. A pena passou, a dor ficou.
E agora, finalmente, um sorriso. Não é o fim da dor. É só um lampejo, de quem nunca pôde esquecer.
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