Em pronunciamento em rede nacional na noite desta quinta-feira (15), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou como “chantagem inaceitável” a carta enviada pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na semana passada, em meio ao impasse diplomático causado pelo recente aumento de tarifas americanas sobre produtos brasileiros. Lula acusou Trump de tentar interferir em questões internas do Brasil e disse que o conteúdo da carta representa um “grave atentado à soberania nacional”.
A resposta pública veio após dias de silêncio por parte da Casa Branca diante das tentativas do governo brasileiro de estabelecer um canal de negociação. De acordo com o presidente, o Brasil procurou os EUA em pelo menos dez reuniões bilaterais desde o início do ano, além de ter enviado uma proposta formal de negociação em maio, mas até o momento, segue sem resposta.
“Esperávamos diálogo, mas recebemos ameaças. O que veio foi uma carta com informações falsas sobre o comércio entre os dois países e tentativas explícitas de pressionar instituições brasileiras, inclusive o Judiciário”, declarou Lula, em tom direto.
A tensão entre os dois países cresceu após a decisão de Trump, hoje novamente candidato à presidência dos EUA, de incluir o Brasil em um pacote de aumentos tarifários anunciado como medida de proteção à indústria norte-americana. A decisão afeta diretamente exportações brasileiras de aço, alumínio e produtos agrícolas, setores estratégicos da economia nacional.
A reação do governo brasileiro também ocorre em um momento de relativa recuperação na avaliação popular de Lula, segundo mostram pesquisas recentes. Auxiliares do Planalto afirmam que o tom do pronunciamento foi calculado para reforçar a imagem de firmeza diante de pressões externas.
Em paralelo, o Ministério das Relações Exteriores busca apoio de parceiros comerciais e de organismos internacionais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC), para contestar o novo pacote tarifário. Segundo fontes do governo, o Brasil avalia medidas de retaliação comercial dentro dos parâmetros previstos pelos acordos multilaterais.
Enquanto isso, o cenário eleitoral norte-americano segue adicionando tensão ao quadro. Trump, que lidera a corrida republicana, tem usado o discurso protecionista como uma de suas principais bandeiras. No Brasil, a carta caiu como uma provocação — e, ao que tudo indica, encontrará resposta política e diplomática à altura.
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