Em Santiago, nesta segunda-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva encontra-se com os líderes esquerdistas Gabriel Boric (Chile), Gustavo Petro (Colômbia), Yamandú Orsi (Uruguai) e o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez. O encontro, uma articulação conjunta entre chefes de Estado de países democráticos, ocorre em meio à crise diplomática com os EUA e reforça a percepção de que o Brasil teria sido alvo de retaliações econômicas motivadas por interferência externa, tese amplamente divulgada pelo governo nacional.
A agenda originalmente prevista para o ano passado foi adiada devido a compromissos oficiais e ganhou relevância política ao coincidir com a divulgação da carta de Donald Trump, acusada por Brasília de pressionar o Judiciário brasileiro a proteger Jair Bolsonaro nas investigações sobre o episódio que ficou conhecido como “trama golpista”. Lula pretende usar o encontro para denunciar essa suposta tentativa de interferência como uma ofensa à autonomia institucional do país.
Na véspera, os cinco líderes publicaram manifesto em defesa da democracia, chamando a atenção para “a erosão das instituições, o avanço dos discursos autoritários e a apatia crescente dos cidadãos” como sinais de “mal-estar profundo na sociedade”. No texto, afirmam que “como líderes progressistas, é nosso dever agir com firmeza diante de forças que buscam minar a democracia e suas instituições”.
A comitiva brasileira aproveita o momento para fortalecer a imagem do país no exterior, angariar apoio político e sinalizar que as tarifas anunciadas, segundo Lula, têm motivação preponderantemente política, não mercantilista. As conversas também terão espaço para uma retomada do diálogo sobre comércio e defesa de uma agenda conjunta que reforce o multilateralismo.
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