Quando alguém decide abandonar o álcool ou outras substâncias, dificilmente haverá uma salva de palmas. O mais comum é enfrentar piadas veladas, olhares enviesados e um afastamento discreto de quem não entende — ou não quer entender.
A decisão de ficar sóbrio não costuma ser coletiva. Ela nasce de incômodos silenciosos, de noites mal dormidas, de ressacas físicas e existenciais. É uma decisão que, muitas vezes, só faz sentido para quem a toma — e que não precisa da validação de ninguém.
Sobriedade não é manifesto, é sobrevivência. E a crítica que vem de fora, quase sempre, diz mais sobre quem critica do que sobre quem muda. Afinal, quem experimenta a leveza de um corpo limpo no dia seguinte sabe: ninguém sente por você o peso ou o alívio das suas escolhas.
Num país onde, segundo a Organização Mundial da Saúde, o consumo de álcool está entre os mais altos da América Latina, optar pela abstinência pode ser visto como radical. Mas talvez, justamente por isso, seja tão necessário.
Comente sobre o post