Na esteira das comemorações pelos seus 100 anos, o jornal O Globo reuniu especialistas, músicos, pesquisadores e jornalistas para uma missão complexa e simbólica: eleger as 100 músicas brasileiras mais fundamentais do último século. O resultado revela um retrato da identidade musical do país, construído entre ritmos, histórias e vozes que atravessaram gerações.

O primeiro lugar ficou com “Asa Branca”, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, símbolo do Nordeste e da migração sertaneja. Mais do que um clássico do baião, a música de 1947 tornou-se um hino popular, traduzindo o Brasil rural, a seca e a resistência de um povo. Em segundo lugar aparece “Carinhoso”, de Pixinguinha e João de Barro, gravada originalmente em 1928, marco da transição do choro para a canção popular urbana. Na terceira posição, “Águas de Março”, de Tom Jobim, eternizada em dueto com Elis Regina, representa o poder da bossa nova com sofisticação harmônica e lirismo naturalista.
A seleção foi construída com a participação de 100 personalidades ligadas à música brasileira, entre artistas, produtores, pesquisadores e críticos, que apontaram as obras mais significativas, levando em conta critérios como relevância histórica, impacto cultural, originalidade e permanência no imaginário popular.

O projeto, segundo o jornal, não pretende ser definitivo, mas sim estimular o debate sobre a herança musical do Brasil. Estão representados gêneros como samba, bossa nova, tropicália, forró, MPB, rap e sertanejo, numa amostra ampla da diversidade sonora do país. Canções como “Construção”, de Chico Buarque, “O Mundo é um Moinho”, de Cartola, “Detalhes”, de Roberto Carlos, e “Roda Viva”, do Teatro Oficina com Chico, aparecem em posições de destaque.
A lista completa, disponível no site de O Globo, convida o público a refletir, redescobrir e montar seu próprio top 10, um gesto tão pessoal quanto coletivo, num país onde a música é parte essencial da vida cotidiana.
Top 5 da lista oficial:
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Asa Branca – Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira
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Carinhoso – Pixinguinha e João de Barro
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Águas de Março – Tom Jobim
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Construção – Chico Buarque
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O Mundo é um Moinho – Cartola
A curadoria e os votos reforçam o papel da canção brasileira como espelho de sua sociedade: ora denúncia, ora alento; ora lirismo, ora resistência. Cem anos de história reunidos em cem faixas e muitas outras ainda por cantar.
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