A Festa Literária Pirata das Editoras Independentes, a Flipei, estava pronta para ocupar a Praça das Artes, no centro de São Paulo, a partir desta terça-feira (6). Palco garantido, editoras mobilizadas, programação fechada, tudo certo, até que não estava. A Fundação Theatro Municipal de São Paulo, responsável pelo espaço, decidiu suspender o evento às vésperas da abertura. Motivo oficial? A volta das aulas de música no local. Motivo extraoficial, segundo a organização do evento? Censura.
Nas redes sociais, os organizadores não pouparam palavras: acusam a gestão de Ricardo Nunes (MDB) de impedir a realização por motivos políticos. A Flipei, afinal, não é exatamente uma festa da neutralidade. No cardápio estavam debates sobre a guerra na Faixa de Gaza, rodas de conversa com figuras da esquerda e, claro, muitos livros fora do eixo editorial tradicional.
A prefeitura ainda não se pronunciou oficialmente sobre o cancelamento. Mas caso se confirme o rompimento contratual, a conta pode sair cara para a Fundação Theatro Municipal: uma multa de R$ 1,2 milhão pode ser cobrada, conforme informado pela própria organização da Flipei. Quem achou que censura literária era coisa do século passado talvez precise atualizar os marcadores.
Enquanto isso, o evento, que nasceu justamente como resposta alternativa à Flip de Paraty, promete não morrer na praia (ou no concreto). Os organizadores já articulam um plano B: realizar a festa em “espaços de resistência de São Paulo”. Onde e quando? Ainda é mistério. Mas, se depender do histórico do evento, não será em silêncio.
Na dúvida, prepare a mochila: pode ser na praça, na calçada ou em cima do viaduto. O importante é que o livro continue sendo mais pirata do que protocolar, mesmo que desafine com a orquestra oficial.
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