Pouco lembrada nos mapas e ainda menos nas páginas da história oficial, a Ilha do Eixo repousa silenciosa no estuário do rio Paraíba do Norte, sob jurisdição do município de Bayeux (PB). Mas se hoje passa despercebida por muitos, no passado foi cenário de disputas indígenas, ambições europeias e experiências econômicas ligadas à geografia singular da região.
Antes da chegada dos colonizadores, as margens do rio Paraíba e seus afluentes, como o Sanhauá e o Paroeira, eram território ancestral dos povos potiguaras e tabajaras. Nessa malha de água doce e salgada, cheia de ilhas e canais, se estabeleciam aldeias, rituais e rotas de sobrevivência muito antes do primeiro forte português.
Já no final do século XIX, a Ilha do Eixo chamou a atenção de um imigrante europeu com outros interesses. O italiano Felice de Belli, agente consular e empresário radicado na Paraíba, enxergou no alto teor de salinidade das águas um recurso a ser explorado. Implantou ali uma salina e estruturas para cultivo aquático, aproveitando as marés e o clima da região. Os vestígios dessa ocupação empresarial ainda ecoam em documentos preservados, como os registros da Revista da Sociedade Brasileira de Geografia, de 1942, que detalham a atividade.
Após a morte de Felice, as terras da ilha foram herdadas por seu genro, José Grisi, nome que também aparece em registros notariais da época. A iniciativa, apesar de pioneira, não resistiu à urbanização desigual do entorno e ao abandono das atividades salinas na Paraíba.
Hoje, a Ilha do Eixo é mais lembrada por pesquisadores locais do que pelos habitantes das cidades vizinhas. Mas ela segue ali, como um fragmento do passado, onde as águas do rio e do mar misturam-se como as camadas pouco conhecidas da própria história da região.
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