Na próxima vez que você encarar aquele camarão no mercado com cara de “tô fresco sim, confia”, saiba que ele pode estar mentindo. Mas o hepatopâncreas dele, não.
Sim, você leu certo: hepatopâncreas. Esse nome pomposo é, na prática, o fígado do camarão, uma glândula que mistura funções digestivas com armazenamento de energia. Mas além de processar nutrientes, ele guarda segredos. Muitos. Inclusive, ele é o dedo-duro oficial da cadeia do frio: se o crustáceo foi maltratado após a pesca, ele entrega.
Tudo começa com a temperatura. Se o camarão foi transportado sem gelo, largado no sol ou sofreu aquele famoso “descongela e recongela”, o hepatopâncreas entra em colapso. Enzimas em fúria, gordura oxidada, necrose celular… um show de horrores microscópico. E o mais interessante: isso tudo se traduz em pistas visíveis. O camarão escurece, amolece, ganha um aroma suspeito e perde a elegância na coloração. Um verdadeiro CSI dos frutos do mar.
Chefs de cozinha e fiscais sanitários já estão carecas de saber: não se julga camarão só pela casca. O hepatopâncreas virou peça-chave para detectar falhas no transporte e armazenamento. Está feio ali dentro? É porque teve confusão no caminho.
Então, da próxima vez que você pensar em levar camarão pra casa, olhe com desconfiança. Ele pode até parecer ok por fora, mas o fígado dele sabe a verdade. E se você souber interpretar, vai evitar pagar caro por um crustáceo com passado duvidoso.
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