A Petrobras projeta uma guinada significativa na produção de óleo diesel até o fim da década. Segundo a presidente da companhia, Magda Chambriard, o Brasil deve reduzir fortemente sua dependência de importações e se aproximar da autossuficiência até 2029.
O plano da estatal envolve a ampliação da capacidade de refino em 200 mil barris por dia (mbpd) ao longo dos próximos quatro anos, com foco na produção do diesel S10, combustível menos poluente, com baixo teor de enxofre, que atende às exigências ambientais e ao avanço tecnológico da frota.
Atualmente, a produção nacional supre entre 75% e 80% da demanda interna. A parcela restante é comprada no exterior, sendo a Rússia a principal fornecedora: só no primeiro semestre de 2025, o país respondeu por 61% do volume importado.
Essa dependência, no entanto, tornou-se objeto de atenção diplomática. Em meio às pressões internacionais por sanções contra Moscou, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a ameaçar represálias econômicas a países que mantêm o comércio de combustíveis com o governo de Vladimir Putin. A retórica se intensificou após a permanência do conflito na Ucrânia.
Diante desse cenário geopolítico instável, a Petrobras tenta acelerar seus projetos para fortalecer a cadeia de abastecimento nacional. A estatal registrou, no segundo trimestre deste ano, um volume diário de refino de 680 mil barris, e aposta na recuperação de ativos e modernização de unidades para elevar esse número.
Ainda assim, Magda Chambriard evita promessas absolutas. “A demanda por diesel também vai crescer. Não posso dizer que seremos completamente autossuficientes, mas vamos chegar muito perto”, afirmou à CNN.
De fato, as projeções do setor indicam um consumo crescente nos próximos anos, especialmente no transporte de cargas, um gargalo logístico crônico no país, ainda muito dependente do modal rodoviário.
Se cumprir o que planeja, a Petrobras poderá não apenas blindar parte da economia nacional das oscilações externas, mas também avançar na agenda ambiental. Com a transição para o diesel S10, a empresa espera reduzir emissões e oferecer um combustível mais eficiente para caminhões e ônibus de nova geração.
O desafio, agora, é combinar investimentos, previsibilidade regulatória e estabilidade política para que a promessa não fique no papel.
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