A resposta definitiva da China sobre possíveis limites à importação de carne bovina ainda vai demorar. O Ministério do Comércio do país estendeu até o fim de novembro de 2025 o prazo da investigação que analisa se haverá ou não salvaguardas ao produto, medida que pode redefinir o equilíbrio global do setor. A decisão, divulgada discretamente no final de 2024, é amparada pela legislação chinesa e reconhecida pelas normas da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Nos bastidores, o processo envolve uma ampla coleta de dados: autoridades chinesas têm dialogado com pecuaristas locais, representantes de indústrias estrangeiras e governos de países exportadores. O Brasil está no centro dessa discussão, por razões óbvias.
O peso da carne brasileira no prato chinês
Hoje, mais de um quinto da carne bovina importada pela China sai de frigoríficos brasileiros. Só em 2024, foram 1,3 milhão de toneladas embarcadas, o suficiente para abastecer 10% de todo o mercado consumidor do país asiático. E a tendência de crescimento continua: entre janeiro e junho de 2025, o Brasil já exportou 641 mil toneladas, movimentando US$ 3,2 bilhões. Os números da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes) mostram um salto não apenas em volume, mas também em valor: alta de 28% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Investigação se arrasta e incerteza pesa no mercado
A prorrogação anunciada por Pequim tem justificativa: o volume de documentos recebidos foi considerado alto, e a análise das alegações técnicas exige mais tempo. Ainda assim, o adiamento reforça o clima de cautela. Sem saber qual será o desfecho, exportadores monitoram cada sinal vindo da Ásia.
O que está em jogo não é apenas o comércio bilateral. Qualquer alteração no ritmo das compras chinesas pode ter impacto direto na cadeia produtiva brasileira, da porteira até os portos.
Negociação segue aberta
A boa notícia, por ora, é que o governo chinês afirmou manter o canal de diálogo com todas as partes envolvidas. O Brasil, enquanto isso, se mantém em campo, não apenas como fornecedor, mas como peça estratégica num tabuleiro que mistura geopolítica, segurança alimentar e interesse comercial.
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