Na manhã desta quinta-feira (7), a Polícia Federal deflagrou a Operação Expurgatio, mirando uma rede criminosa especializada em fraudes bancárias contra a Caixa Econômica Federal. A quadrilha operava sob um velho e conhecido método: usar identidades forjadas para abrir contas e contrair empréstimos, quase sempre em nome de pessoas que sequer sabiam que haviam virado “clientes”.
A novidade está na sofisticação logística e no alcance do grupo. A operação, que teve mandados cumpridos em Manaus e João Pessoa, revelou um padrão meticuloso de atuação. Parte dos envolvidos já havia sido detida em outras ocasiões, mas, mesmo com passagens anteriores pela Justiça, retornaram à prática com ainda mais organização.
A investigação mapeou dois núcleos distintos. Um deles, com atuação consolidada no Amazonas, era responsável por identificar perfis de vítimas e infiltrar golpistas nas agências da Caixa, até mesmo nas mais afastadas. O segundo núcleo, ligado à Paraíba, recebia os valores desviados por meio de contas de laranjas, muitos deles moradores da mesma área urbana, o que sugere articulação local e capilaridade.
Além dos empréstimos fraudulentos, havia um sistema de “comissão”: 10% do valor obtido ficava retido antes de qualquer repasse, como uma espécie de taxa interna do crime. O restante era redistribuído entre os autores do golpe, um processo que deixou um rastro de transações financeiras cuidadosamente encadeadas.
Ao todo, as fraudes somam prejuízo superior a R$ 941 mil. A PF acredita que o grupo esteja em atividade desde pelo menos 2016, tempo suficiente para causar estragos ao banco estatal e lançar desconfiança sobre os mecanismos de verificação de crédito.
A operação cumpriu 14 mandados de busca, um de prisão preventiva e quatro medidas cautelares. Ainda não se sabe se novas fases serão abertas, mas a reincidência dos investigados levanta um alerta: a impunidade funcional pode estar alimentando a longevidade desse tipo de crime no país.
Comente sobre o post