A semana em Brasília foi marcada por um impasse inusitado: parte da Câmara e do Senado ficou paralisada após um motim liderado por parlamentares bolsonaristas, em reação à prisão de Jair Bolsonaro. Entre as reivindicações, estavam a anistia para investigados nos atos de 8 de janeiro, o impeachment do ministro Alexandre de Moraes e a queda de juízes que conduzem processos contra aliados.
O ato começou na terça-feira (5), quando deputados se acorrentaram às mesas do plenário e permaneceram no local durante a madrugada. No dia seguinte, formaram um cordão humano para impedir o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de assumir a cadeira. O protesto incluiu episódios incomuns, como a deputada Júlia Zanatta (PL-SC) levar o filho recém-nascido ao plenário e o deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP) agredir um jornalista diante das câmeras. Houve também acusações de agressão entre parlamentares, rapidamente contestadas.
A mobilização contou com apoio externo de figuras como Eduardo Bolsonaro e o comentarista Paulo Figueiredo, que participaram das articulações e citaram a “Lei Magnitsky”, mecanismo de sanção norte-americano, como forma de pressão. A referência foi interpretada como um recado de que aliados do ex-presidente buscavam apoio político nos Estados Unidos para influenciar decisões internas.
Após cerca de 30 horas, o grupo encerrou o motim. Líderes bolsonaristas anunciaram publicamente que haviam obtido um acordo para atender suas pautas, mas a versão foi negada por Motta, pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e por outros líderes partidários. No dia seguinte, parlamentares que participaram do bloqueio recuaram e pediram desculpas, em alguns casos de forma pública, diante da possibilidade de suspensão de mandato.
O episódio expôs não apenas a radicalização de parte da oposição, mas também a fragilidade das narrativas usadas para sustentar ações de confronto institucional. O saldo político foi de isolamento do grupo e de reafirmação do funcionamento regular do Legislativo.
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